Hospital de Messejana realiza cirurgia cardíaca inédita
20 de março de 2018 - 17:54 #cirurgia cardíaca #Hospital de Messejana
Jessica Fortes - Assessora de Imprensa - Hospital de Messejana
(85) 3101.4092
Uma cirurgia delicada, realizada quando é impossível a cirurgia convencional, ocorreu pela primeira vez no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), do Goveno do Ceará. A troca da válvula aórtica através de um cateter inserido pela ponta do coração foi a alternativa escolhida para tratar o aposentado Antônio Pereira de Sousa, de 88 anos, morador de Aranaú, um paciente até então considerado inoperável. “Essa técnica é indicada para os pacientes com contraindicação à cirurgia convencional, alto risco cirúrgico ou com múltiplos fatores que possam provocar uma morbimortalidade maior, como era o caso do seu Antônio”, reforça Flávio Camurça, cirurgião cardiovascular.
Comum em idosos a partir dos 75 anos, a estenose ou obstrução da válvula aórtica provoca dores no peito, desmaios e falta de ar. Metade dos pacientes morrem cinco anos depois do início desses sintomas. Por isso é uma doença que precisa ser diagnosticada e tratada rapidamente. A cirurgia convencional é o procedimento padrão para o tratamento da doença, sendo o Implante Transcateter de Valva Aórtica (TAVI – Transcatheter Aortic Valve Implantatation) uma técnica alternativa, de exceção.
Diferente da cirurgia cardíaca convencional, a cirurgia TAVI é feita sem a necessidade de parar o coração, o que diminuem os riscos de mortalidade e aumentam as chances de recuperação rápida e qualidade de vida dos pacientes. O procedimento inédito no Hospital de Messejana, que garantiu a sobrevida do seu Antônio, consistiu em um pequeno corte no lado esquerdo do peito, pelo qual foi possível alcançar a ponta do coração e então implantar a nova válvula.
Normalmente, esse tipo de válvula é implantada por um cateter inserido na virilha. No entanto, em casos como esse, a obstrução das artérias que chegam até o coração impossibilitam essa via. “O paciente possuía calcificações nas artérias que impossibilitavam a realização da cirurgia. A única opção seria o implante da nova válvula através da ponta do coração”, afirma Flávio Camurça.
Após seis meses de internação o aposentado comemora o resultado da cirurgia e com a chance de voltar a ter uma vida normal, ele já planeja como serão os dias longe do hospital. “Foram tempos difíceis até conseguir fazer a cirurgia. Eu agradeço a dedicação e o cuidado de todos, mas eu não vejo a hora de encontrar minha família, voltar para o meu sossego. Penso muito no meu netinho de cinco anos, ele estuda, vou poder ficar mais perto dele. Quero ensinar a ele as coisas da vida”, planeja seu Antônio, emocionado.
Estenose aórtica
A válvula aórtica é responsável por controlar o fluxo sanguíneo que sai do coração e não deixar que o sangue volte. A doença então caracteriza-se pelo desgaste dessa válvula, quando ela não consegue mais abrir ou fechar completamente. “Devido ao acúmulo de cálcio nessa região, a valva torna-se mais rígida, obrigando o coração a trabalhar mais. Esse processo costuma ser lento, por isso aparece em indivíduos idosos”, explica Camurça.
Uma valva aórtica saudável se abre completamente para permitir que o sangue flua de maneira normal e se fecha firmemente para interromper o fluxo. Quando ela não abre de maneira adequada e dificulta o fluxo sanguíneo acontece a estenose, que é o estreitamento do canal. O resultado é que a pressão sanguínea naquela região aumenta e a circulação no restante do organismo diminui. Resultado: cansaço, tontura e dores no peito, além de inchaço em algumas regiões do corpo.
Quando o indivíduo apresenta esses sintomas, a estenose já está bastante avançada. Em cinco anos, se não for realizado nenhum procedimento, 50% dos pacientes morrem. O tratamento da estenose não é eficaz com medicamentos. “A única solução é abrir o peito e trocar a válvula”, ressalta o cirurgião.