Amor de mãe ajuda a superar dificuldades da prematuridade
14 de maio de 2018 - 11:25 #dia das mães #Prematuridade #saúde
Assessoria de Comunicação do HGCC
Quando a costureira Marilene Alves de Oliveira, do município de Caucaia, soube que estava grávida, o primeiro pensamento foi: “Não acredito que vou ser mãe de novo!”. A surpresa se deu porque em uma consulta o médico havia falado que ela já não tinha mais probabilidade de ser mãe de novo. E, desde então, todos os dias foram dedicados aos preparativos para receber o segundo filho. Porém, o que ela não contava é que o pequeno Mathias não esperaria o tempo adequado para nascer. Parece que tinha pressa em chegar e sentir-se nos braços da mãe. Com apenas 27 semanas de gestação, ela deu à luz. O filho nasceu na maternidade do Hospital Geral Dr. César Cals, da rede pública do Governo do Ceará, no dia nove de dezembro de 2017. Assim que nasceu, precisou ser levado para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), onde está desde então, após ter passado também pela Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais (UCINCo).
Marilene conta que tudo foi muito rápido. Ela chegou à emergência do HGCC às 12 horas e quando foi 17h30, Mathias Vieira Soares, já registrado, nasceu pesando apenas 0,755 g. Devido à prematuridade, ele apresentou, principalmente, displasia bronco pulmonar. “Ele ainda não estava preparado para vir. Os que mais sofreram foram os pulmões, que não estavam completamente desenvolvidos”, relembra. Já são cinco meses de internação, de evolução satisfatória e de conquistas durante esse tempo. Ela vem todo dia ao hospital e faz questão de acompanhar o filho de perto, de participar de todas as etapas. “Não existe feriado e nem final de semana. Todo dia estou aqui. Dedicação total a ele”, diz. Além da presença da mãe, o irmão mais velho, que tem 13 anos, já veio visitar e, desde a primeira vez, tem o desejo de levar o irmão para casa.
Com o tratamento especializado, o filho mais novo de Marilene está se recuperando, se desenvolvendo. Mathias está com 2,720 kg, resultado do atendimento multidisciplinar do HGCC, formado por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas, oftalmologistas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos; além da equipe da tecnologia avançada da UTI de referência do HGCC em prematuros extremos, e do banco leite materno. “Ele vem respondendo ao tratamento. Está bem melhor. Passou 40 dias com respirador. Superou esta fase. Utilizou outros aparelhos. Foi para o médio risco, depois voltou para a UTI. Ele foi e voltou duas vezes, mas agora está bem”, fala a mãe.
Com todo esse tempo no hospital, acompanhando o filho, Marilene diz que está aprendendo muito com essa experiência, que ela considera compreender mais o valor a vida, “o valor de ser mãe mais ainda”. Todos os dias ela sente as dificuldades, mas sabe que precisa ter forças, inclusive para apoiar e passar segurança para o filho. “A dificuldade é muito grande, é como uma missão a cumprir, com muita fé e dedicação. Fé e paciência, até a médica sempre diz”, ressalta.
Durante a entrevista, ela mostra uma caderninho no qual vem escrevendo sobre a sensação de ser mãe de um prematuro. Marilene diz que quer registrar o que vem sentindo e aprendendo durante todo esse tempo. Alguns pontos transmitem bem o que é ser mãe de um bebê prematuro, o que é acompanhar o filho e fazer parte do cuidado. “Ser mãe de prematuro é contar a idade do bebê de forma diferente, idade cronológica e idade corrigida”, diz. E ela destaca que é como se estivesse em uma montanha-russa de sentimentos, em que há dias de alegrias e outros, nem tanto. E a alegria é ainda maior, como ela mesma diz: “é vibrar com cada grama ganho e cada ‘dobrinha’ que surge”.
As sensações não param. Marilena acrescenta em suas anotações que o toque, o sentir pelas mãos fortalece a ligação. “É acompanhar seu bebê crescendo, dentro de uma incubadora, enquanto o sente no tocar das mãos”, explica. A comunicação entre eles é fortalecida, assim como o vínculo. “É conversar com ele e sentir a resposta no olhar como se entendesse tudo”. E ela diz mais: “é sentir o bebê agarrando seu dedo como se dissesse ‘mamãe, não chora, eu vou vencer mais essa’”.
Nas palavras da enfermeira diarista Ana Maria Maia de Mesquita, que acompanha Mathias desde o nascimento, “ele é um guerreiro que passou por vários estágios complicados, como síndrome respiratória grave, mas hoje está estável, evoluindo bem, e melhor”. Enquanto ele é acompanhado no setor de Naonatologia, a mãe recebe toda atenção no serviço de Acolhimento Materno e Banco de Leite, que garantem também atendimento multiprofissional à mãe, bem como alimentação completa diariamente. “Eu acho que o tratamento é excelente. Eles fazem de tudo para salvar a vida dos bebês. Encontramos todo o apoio enquanto estamos aqui, muito apoio, muita gente torcendo por mim e por ele”, finaliza Marilene Alves, esperançosa.
Atendimento materno-infantil
Por mês, nascem na maternidade do Hospital César Cals, cerca de 400 bebês, de todos os lugares do Ceará. Hospital terciário, de alta complexidade, o HGCC possui uma estrutura especializada para atendimento a gestantes de alto risco, perfil da maternidade. A Unidade Neonatal é composta por 20 leitos de UTIN, 36 leitos de UCINCo e 10 leitos de Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCa). O HGCC conta com atendimento de pré-natal especializado de alto risco, Casa da Gestante, com 10 leitos para atendimento às gestantes com intercorrências durante a gestação, Banco de Leite Humano, com atendimento 24 horas, Acolhimento Materno e ambulatório de seguimento para acompanhamento do bebê, após a alta hospitalar. Só em 2017, de janeiro a abril, já foram atendidos 294 recém-nascidos na UTIN e 396 na UCINCo.