Famílias criam vínculo de amizade e se apoiam durante tratamento de crianças
9 de janeiro de 2019 - 16:49 #crianças #Hospital Infantil Albert Sabin #tratamento
Com cerca de 340 crianças e adolescentes internados, pelo menos 200 mães e pais circulam a cada turno pelos corredores do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), do Governo do Ceará. Como a unidade atende casos de alta complexidade há internações e tratamentos que podem se tornar mais longos. O espaço tornou-se, então, mais do que uma unidade de saúde para estas famílias. “Aqui dá para se fazer bons amigos, amigos para a gente se apoiar”, disse a dona de casa Lidiane Silva de Moura, que acompanha a filha há 10 meses na luta contra o câncer.
A filha de Lidiane, Ágata Moura, de apenas 10 anos, descobriu ter osteossarcoma há quase um ano, um tipo raro de câncer ósseo que começa nas células formadoras dos ossos. Ao acompanhar a filha durante o tratamento no Centro Pediátrico do Câncer (CPC), ela acabou conhecendo outras mães e crianças com as quais mantém contato em busca de apoio e amizade.
“As mães vão chegando e as mães antigas procuram sempre acolher e orientar. Às vezes chegam muito perdidas em questão de deslocamento. Aqui a gente se ajuda e, no fim, todo mundo fica amigo. Amigo das mães e das crianças, todos somos ‘carequinhas’”, disse Lidiane, afirmando ainda que o maior contato entre as famílias acontecem em dois momentos: durante as consultas e pelo aplicativo WhatsApp.
Foi durante uma consulta que Lidiane conheceu a amiga Nairla. Natural de Itatira, a 176 km de Fortaleza, Nairla e o pequeno Darlison, de três anos, enfrentam a reincidência da leucemia do menino há alguns meses. “Meu filho já está em tratamento há dois anos (somando diagnóstico e reincidência). Eu a conheci há cinco meses, quando o câncer dele voltou. Meu filho está internado aqui há cinco dias e o dela também.
Então, a gente consegue passar um tempo juntas e se ajudar”, disse ela dando risadas com a amiga. “A gente também se fala muito pelo WhasApp”, conta..
Famílias online
Os grupos online entre mães de pacientes, aliás, tem servido também como rede de apoio para as famílias. “A gente conversa, passa informações, fazemos grupos de oração, sempre estamos em contato para dar força uma para outra. Somos amigas, todas nós”, contou Lidiane. Algo parecido com o que acontece com as mães que passam períodos mais curtos com os filhos no Hias, para estas aliás, o aplicativo de diálogo tem sido fundamental principalmente para as crianças.
As meninas Ryanna Stefany e Joyce Kely, de dez e cinco anos, respectivamente, foram internadas e operadas de emergência devido a complicações de apendicite na semana passada. Apesar de dividirem o mesmo quarto e seus responsáveis manterem contato, foi apenas quando decidiram brincar que se conheceram e se deram conta da potencial amizade. “Elas foram para a Cidade da Criança (espaço recreativo do Hias) e lá começaram a brincar de jogo da memória. Só depois se deram conta que estavam no mesmo quarto e passaram a jogar sempre”, explicou Vanessa Nunes dos Santos, mãe da Ryanna.
Mesmo tendo sido poucos dias, pois a pequena Joyce recebeu alta médica nesta terça-feira, 8, Ryanna garante que dá para fazer bons amigos. E, se depender de Joyce, mesmo depois de voltar para a cidade de Solonópole com a avó, o contato com os amigos está garantido. “Fiquei amiga do João Pedro, da Ryanna, do Miguel (…). Tenho tablet e celular”, afirmou a menina sobre a possibilidade de depois se falarem via internet.