Bancos de leite orientam sobre amamentação e incentivam aleitamento
10 de maio de 2019 - 15:40 #amamentação #DoeLeiteMaterno #Saúde do bebê
Ascom Sesa
A amamentação é um dos vínculos afetivos mais fortes entre a mãe e o bebê. Logo após o nascimento, o momento de nutrir o filho torna-se também de interação e de troca com o recém-nascido. Mas essa etapa também requer apoio, adaptação e orientação. Os bancos de leite, além de receberem doação para recém-nascidos internados, oferecem também informação para as puérperas.
O Ceará conta com 31 postos de coleta e bancos de leite humano e 16 salas de apoio à mulher trabalhadora que amamenta certificadas pelo Ministério da Saúde. Em 2018, o Ceará coletou 7.318 litros de leite humano que beneficiaram 8.354 recém-nascidos internados.
Quatro hospitais da rede pública do Governo do Ceará contam com bancos de leite humano e coletaram 3.688 litros de leite humano no ano passado, cerca de metade do que foi doado no Ceará. Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), em Fortaleza, e Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral.
“O banco de leite é um serviço gratuito à população, voltado especialmente às mães que passam pela fase de aleitamento materno. É um período no qual ocorrem muitas descobertas e que pode haver muitas dificuldades. Também é o momento propício para ajudar outras mães que não têm leite materno para oferecer ao seu bebê”, explica a coordenadora do banco de leite do HRN, a nutricionista Samara de Andrade.
Benefícios para a mãe
Além de ser um momento importante para o desenvolvimento do bebê, a amamentação traz benefícios para a saúde da mulher. A mãe que amamenta corre menos riscos de câncer de mama, de ovário, diabetes, infarto, além de produzir ocitocina, hormônio que realiza a diminuição do sangramento no pós-parto.
O leite materno oferece anticorpos para proteger o bebê de infecções, reduz a mortalidade infantil e ajuda no desenvolvimento cognitivo. A orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que bebês sejam alimentados, exclusivamente, até os seis meses do leite da mãe por ter os nutrientes necessários para um desenvolvimento mais saudável. A OMS também reforça a importância do leite materno para crianças até dois anos.
Os postos de coleta e bancos de leite também atendem às mulheres que desejam doar seu próprio leite para ajudar na recuperação de crianças hospitalizadas. O banco de leite do Hospital Geral Dr. César Cals, referência em aleitamento materno no Estado, funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, inclusive nos feriados. “O nosso compromisso é atender as mães, os bebês e incentivar o aleitamento materno e a doação de leite humano. Lembramos que a mãe é a protagonista nesse momento do aleitamento”, destaca Rejane Santana, médica e coordenada do banco.
Além do atendimento, o banco também recebe a doação de leite das mães que estão em casa ou ainda daquelas que vêm ao hospital. “Quando o leite doado chega ao hospital, ele passa por um rigoroso processo de controle de qualidade e só então é que ele é encaminhado aos recém-nascidos da unidade neonatal”, explica a bioquímica Sthefanny Linhares. Foi dessa maneira que o filho da costureira Antônia Cláudia Gomes Pereira, que mora em Limoeiro do Norte, foi beneficiado. Após o nascimento do quarto filho, Daniel, que nasceu prematuro de 34 semanas, ela precisou do leite doado para ajudar na alimentação do filho.
“A doação de leite é muito importante. Eu passei por essa situação agora. Mesmo eu tirando o meu leite, ele precisava de mais. É importante que a mãe que tenha excesso possa doar. É uma vida que está precisando”, esclarece Cláudia. O filho dela, nasceu no início do mês e ela teve a oportunidade de amamentá-lo. “Amamentei o meu filho. Pude sentir direto no peito e a sensação é muito boa. Eu também quero doar”, conclui.
Incentivo à amamentação
O aleitamento exclusivo até os seis meses também é incentivado entre pacientes e colaboradoras do HRN. A sala de apoio à amamentação do hospital recebe as colaboradoras que são mães ao retornarem da licença maternidade. No espaço, elas contam com orientações sobre a ordenha e a estocagem do leite materno. Além de coletar leite para os próprios filhos, as mães também podem doar para o banco de leite do HRN.
“Nesse contexto em que se aproxima o Dia das Mães, prestamos uma homenagem às funcionárias que retornam ao trabalho e encontram o apoio para continuar o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e ainda ajudam doando leite para outros bebês internados”, ressalta Samara de Andrade.
Lorena Kelle ordenha no próprio hospital ou traz os frascos de leite de casa em isopor com placas de gelo para manter o leite congelado. A enfermeira lembra que teve diabetes gestacional e que sua filha nasceu de parto normal no HRN. Recebeu todas as orientações quanto à amamentação e mesmo ao voltar da licença, conseguiu manter o aleitamento exclusivo até o sexto mês.
“A sala de apoio à amamentação é muito importante. Posso fazer a ordenha e estocar para minha filha e também destinar para a doação. Nos plantões de 12h, o bebê vem até aqui e podemos amamentar no hospital”, ressalta.
Orientação para as mães
A vendedora Fernanda Cristina procurou o banco de leite do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), em busca de ajuda para amamentar a filha, Cecília. “Ela não estava ganhando peso. Mas, desde a minha ida ao banco de leite, ela já ganhou mais de um quilo”, contou Fernanda.
Segundo a pediatra Erandy Sousa, coordenadora do banco de leite humano do Hias, é natural que haja dificuldades para amamentar especialmente no caso do primeiro filho. “Muitas pessoas acham que o banco de leite apenas trabalha recebendo doações de leite materno. Mas é muito mais que isso. Entendemos que esta é uma fase da vida de mãe e do filho de extrema importância. Então, orientar a mãe sobre todo o processo de amamentação também é algo que fazemos”, explicou.
Higienização, compressas, massagens, como segurar o bebê, conversa entre mãe e filho, segundo Erandy, tudo faz parte do processo de amamentação. “Há uma conexão entre tudo isso. E se tudo corre bem, a mãe produz mais leite, o filho se alimenta melhor, ganha peso. Com isso ainda é possível sobre leite para realizar uma doação ao banco”, afirmou a médica.
Como realizar doação
Em 2018, os bancos de leite do HGCC, HGF, HIAS e HRN receberam 3.688 litros de leite materno. Esta corrente do bem pode continuar, mas depende do apoio das mães que amamentam. Para ser uma doadora é importante desejar doar espontaneamente, estar saudável, não fumar, não usar álcool ou drogas e nem fazer uso de medicamentos que impeçam a doação. Além disso, é preciso fazer um cadastro de doadora no Banco de Leite Humano (BLH) . Na triagem, é preciso apresentar documento de identificação com foto, apresentar a caderneta de gestante com resultados de exames ou passar por testes na triagem.
No dia 19 de maio, é comemorado o Dia Nacional de Doação de Leite Humano, que visa incentivar a doação de leite humano e divulgar a importância dessa doação para as crianças prematuras, de baixo peso, que estão internadas em hospitais e não podem ser alimentadas diretamente no seio da mãe.