Debates sobre educação, saúde e vida são aprofundados em segundo dia do Seminário Internacional Mais Infância

29 de maio de 2019 - 16:23

André Victor Rodrigues Texto
Ariel Gomes e Thiara Montefusco Fotos

Dentre os direitos fundamentais a serem preservados para toda criança estão a educação, a saúde e a vida. Tocando em cada um desses pontos, o segundo dia do II Seminário Internacional Mais Infância Ceará, que tem como tema “A Garantia dos Direitos das Crianças na Construção de um Futuro Sustentável”, mobilizou nesta quarta-feira (29) a troca de experiência entre profissionais para o fortalecimento de ações públicas no cuidado ao desenvolvimento infantil em realidades de vulnerabilidade social. Foram reunidos grupos interdisciplinares de especialistas, que debateram pesquisas e experiências exitosas no Brasil e no mundo na área da primeira infância.

A primeira mesa redonda do dia abordou o tema “Do direito à educação”. O momento contou com a especialista em programas de educação e cuidado na primeira infância na sede da Unesco em Paris, Yoshie Kaga, o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Aléssio Costa Lima e o secretário executivo de cooperação com os municípios da Secretaria da Educação, Márcio Brito.

Os convidados exploraram, respectivamente, os temas “Olhando para o futuro: a perspectiva da primeira infância”, “Base nacional comum curricular: a educação é a base para o desenvolvimento infantil” e “PAIC/PADIN: educação do acesso à qualidade”.

Na Unesco desde 1998, Yoshie Kaga é responsável pela implementação de projetos e por promover parcerias globais e suporte técnico a parceiros no campo da educação. Atualmente, está à frente de um projeto social internacional implementado em Gana, Idonésia, Namíbia, Filipinas, República Dominicana, Togo e Vietnã. Em sua apresentação, ela destacou tendências globais e direções sugeridas de como avançar na educação.

“Nós que trabalhamos na educação, temos que ampliar o conceito dela. Cuidado e educação são inseparáveis. A criança precisa ter um elo emocional num ambiente protegido e com outras crianças”, afirmou Yoshie durante a palestra. A pesquisadora detalhou ainda números que apontam para a desigualdade social e suas consequências, assim como o alerta para a necessidade do olhar sobre as famílias e o crescimento das crianças na pobreza extrema.

“Apesar do fato de a pobreza estar diminuindo, ainda há muito o que de avançar com relação ao combate às desigualdades. Precisamos renovar o nosso compromisso com os direitos das crianças. Esses direitos precisam ser respeitados e não podem estar separados”, complementou.

Com moderação do secretário da Saúde, Dr. Cabeto, a outra mesa redonda da manhã tratou do tema “Do direito à vida e à saúde”. Para este momento estiveram presentes a professora de mestrado e doutorado em saúde coletiva do curso de Medicina na Universidade de Fortaleza (Unifor), Aline Veras, a mestre em psicopatologia da criança com serviços prestados ao Hospital Delafontaine em Paris, Lia Batista, e Liduína Rocha. presidente da Associação Cearense de Ginecologia e Obstetrícia (Socego) e coordenadora técnica do Programa Nascer no Ceará, ação do Mais Infância Ceará.

As participantes trouxeram as respectivas temáticas para a troca de experiências: “Saúde materno-infantil: evolução e desafios”, “A depressão materna e suas consequências na saúde mental da mãe e da criança”, e “Nascer no Ceará”.

Com experiência no estudo de psicopatologias perinatais na França, Lia Batista ressaltou a relevância do seminário para tornar melhor o ambiente de crescimento das crianças na sociedade.

“As crianças são o nosso futuro. É na primeira infância que devemos investir na não-violência, na capacidade que o indivíduo tem de fazer parte da sociedade. É a hora que começa o laço de uma criança que chega nesse mundo com a pessoa que dela cuida. A partir do momento em que o foco da sociedade é nos primeiros anos de vida, nós vamos ter uma baixa de custo do que pode ser feito por aquela criança, porque ela está muito mais sedimentada psicamente e saudável para poder crescer e fazer parte da sociedade como indivíduo completo”, argumenta Lia.

Médica obstetra, Liduína Rocha destacou que momentos como essa programação fazem profissionais de diversas áreas convergirem e somarem esforços e conhecimentos para evoluir no cuidado da primeira infância. “A morte materna é um evento social, muito mais do que um evento médico. É importante debater sobre quais os caminhos que se deve trilhar para que haja uma reparação social e garanta partos adequados para as mães no Ceará”.

Aprendizados

Professor formador em Maranguape, Alexandre Gaspar celebra o saldo positivo do Seminário Internacional Mais Infância para os educadores no Ceará. Segundo ele, as participações internacionais, com visão externa sobre problemas enfrentados no Estado e também diagnósticos por meio de vivências bem sucedidas em outros países.

“Esse momento é de fundamental importância para o nosso crescimento enquanto educadores. É conhecido todo o histórico de mortalidade, de crescimento populacional, violência. Por isso é importante encontrar essas visões plurais, com especialistas de vivência internacional, para que a gente aprenda a ter novos olhares”, testemunhou.

O II Seminário Internacional Mais Infância teve início na última terça-feira (28) e encerra no fim da tarde desta quarta. A última mesa redonda terá a presença da primeira-dama do Estado e idealizadora do Mais Infância Ceará, Onélia Santana, da primeira-dama de Fortaleza, Carolina Bezerra, e da secretária da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos, Socorro França.