Hospitais do Governo do Ceará são certificados por redução de infecção
24 de julho de 2019 - 11:59 #Governo do Ceará #hospitais #Infecção #saúde
Ascom Sesa
Os protocolos de segurança do paciente são fundamentais para uma rápida e eficaz recuperação, minimizando os riscos de infecções. Com a adoção desses processos e diretrizes, três unidades hospitalares da rede pública do Governo do Ceará foram certificadas pela redução de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) na UTI Adulto.
O certificado faz parte do Projeto Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil. É emitido pelo Hospital do Coração (HCor), em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).
O Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC) e Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), em Fortaleza, foram reconhecidos por alcançarem as metas para redução das infecções. A certificação ocorreu durante o II Workshop Regional da Colaborativa em Fortaleza, nos dias 11 e 12 de julho.
Hospital Regional Norte
A UTI Adulto do HRN alcançou a meta proposta para três anos, reduzindo em 18 meses a incidência de Infecção Primária de Corrente Sanguínea Associada a Cateter Venoso Central (IPCSL), confirmada laboratorialmente de 4,11% para 0%. A redução foi de 100%. O setor do Hospital também foi certificado por ter reduzido em 18 meses a incidência de Infecção do Trato Urinário Associado a Cateter Vesical de Demora (ITU-AC) de 3,7% para 0,9%, uma redução da média de 76% de ITU-AC.
“Contamos com um treinamento realístico que busca garantir como os protocolos funcionam e verificar se estão reduzindo os índices de infecção, buscando as melhores condutas envolvendo toda a equipe multidisciplinar que compõe o quadro profissional da UTI”, avalia a coordenadora médica da UTI adulto, Melissa Parente. A médica também salienta a ampliação da participação familiar em ações como a “visita estendida”. Os familiares são estimulados a participarem na prevenção de IRAS e nas visitas multiprofissionais.
Hospital Geral Dr. César Cals
Antes mesmo do prazo definido de 24 meses, o HGCC foi certificado em três categorias por ter atingido as metas pactuadas para a redução de infecções na UTI Adulto. “Com o ingresso do HGCC no programa, a UTI passou a trabalhar com pacotes direcionadores que orientam as medidas a serem adotadas para evitar e diminuir essas infecções”, explica o enfermeiro José Ribamar dos Santos Júnior.
Em relação à infecção do Trato Urinário Associado a Cateter Vesical de Demora, a incidência caiu de 8% para 0%, uma redução de 100% dessa infecção. Quanto à Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica, a redução da incidência foi de 32,2% para 8,8%, uma redução total de 72,4%. Quando considerada a Infecção Primária de Corrente Sanguínea Associada a Cateter Venoso Central, a redução da incidência foi de 9,7% para 2,82%, totalizando 71% de redução. “Foram reduzidos os dias que o paciente passa na UTI, aumentando a qualidade de vida no pós-internamento, redução do uso de antibióticos, além dos custos hospitalares, melhorando também a rotatividade dos leitos”, confirma o enfermeiro.
“Na verdade, atingimos a meta. A nossa UTI caminhou muito. Realmente agregou a equipe nesse processo, através das reuniões multidisciplinares. Com isso, melhoramos o relacionamento interpessoal dentro da unidade e isso criou uma cultura de visitas multidisciplinares, onde participam vários setores do hospital. O projeto foi o gatilho, mas isso precisa ser contínuo, precisa continuar e até multiplicar essa ideia”, esclarece o médico André Luiz Coutinho de Araújo Macedo, chefe da UTI.
Para chegar a esses resultados, o HGCC intensificou a atuação profissional com a inserção de mais um enfermeiro, médico infectologista, médicos diaristas. Foi montado um time de observação, que diariamente avalia e monitora os itens do dos pacotes de diretrizes de manutenção, como elevação de cabeceira, realização de higiene oral, diminuição de sedação, com avaliação das necessidades dos dispositivos invasivos.
Além disso, a implantação da visita multidisciplinar conta com a participação de médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, fisioterapeuta, assistente social, psicólogo e fonoaudiólogo. “Outra parte importantíssima diz respeito às visitas estendidas, que trazem uma humanização para UTI, inclusive favorecendo o processo de cura do paciente. Nosso objetivo final é que o familiar da visita estendida participe ativamente dessa linha de cuidados e que isso consiga desdobrar o controle de infecção hospitalar”, reforça o médico.
Hospital de Messejana
A UTI Respiratória Adulto do HM alcançou a meta proposta para três anos, reduzindo em 18 meses a densidade de incidência de Infecção do Trato Urinário Associado a Cateter Vesical de Demora (ITU-AC), de 6,61% para 0%. A redução foi de 100%. O setor também foi certificado por ter reduzido no mesmo período, a incidência de Infecção Primária de Corrente Sanguínea Associada a Cateter Venoso Central (IPCSL), de 1,8% para 0,3% e de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV), de 7,2% para 1,2%. Em ambos, a redução foi de 83%.
Entre as ações realizadas que têm reduzido as infecções estão os constantes treinamentos, a implantação de protocolos que normatizam os cuidados com os pacientes e a estruturação de um time de observação, que diariamente avalia e monitora a adesão aos protocolos e aos diversos itens do pacote de diretrizes estabelecidos, como a realização da higiene oral, elevação de cabeceira, diminuição de sedação, entre outros. “Essa é primeira etapa da colaborativa. A meta era reduzir em 30% e nós já batemos a meta estabelecida para os 36 meses de projeto”, ressalta a enfermeira e gestora do projeto no HM, Kamila Sindeaux.
O coordenador de enfermagem da UTI Respiratória, Renato Bezerra, ressalta os benefícios dos resultados alcançados. “Reduzimos os dias de permanência do paciente na UTI e assim, reduzimos o uso de antibióticos e os custos hospitalares e consequentemente, aumentamos a rotatividade dos leitos e melhoramos a qualidade de vida dos pacientes. Esse trabalho tem dado sentido e estímulo ao nosso dia a dia e mais do que isso, garante uma assistência de qualidade e melhora a experiência dos nossos pacientes”, avalia.