Atleta transplantado renova a esperança de ter uma vida saudável
20 de setembro de 2019 - 15:06 #doe órgãos #HospitaldeMessejana #transplantes
éssica Fortes - Ascom Hospital de Messejana Texto
Jeorge Farias Arte gráfica
Fabieldo Mota, 38, é educador físico e até pouco tempo dava aulas de judô, em Teresina, Piauí, sua cidade natal. Ele sempre teve uma vida saudável e um bom condicionamento físico, mas do dia para noite, viu toda a sua rotina mudar. Há três anos, ele foi diagnosticado com cardiopatia viral, uma doença rara que enrijece o coração e pode causar um mal súbito. Após diversos tratamentos medicamentosos e a implantação de um marcapasso, a última alternativa para voltar a ter uma vida saudável, era o transplante.
O atleta mudou-se para Fortaleza, já que em seu estado de origem, não realiza o procedimento. Foi no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes da rede pública de saúde do Ceará, referência em todo a região Nordeste em transplante de coração, que ele encontrou a assistência e o apoio necessário que precisava. O educador físico conta que em novembro de 2018, ele entrou para a fila de transplante, onde ficou cerca de quatro meses internado, aguardando a solidariedade de alguma família.
“Foram meses muito difíceis, seis tentativas, quatro vezes o coração não era compatível e duas vezes a família negou a doação”, lembra.
Mas Fabieldo nunca perdeu a esperança, ele conta que controlava a ansiedade e sempre acalmava a família que mora longe.
“Uma hora eu sabia que ia dar certo, mas eu tinha medo, ficava preocupado, mas não perdia a fé, sabe? ”, comenta. Até que em uma quarta-feira de cinzas, ele renasceu. “Lembro como se fosse hoje. Meu coração chegou”.
Foram quatro meses de espera e agora, prestes a completar seis meses com o novo coração, o judoca comemora as conquistas diárias.
“Já voltei a me exercitar, com moderação, claro. Não posso exagerar, mas com calma, um dia eu volto a ser como era antes”, planeja o atleta.
No início de setembro ele recebeu alta do programa de reabilitação cardíaca, onde durante seis meses realizou atividades físicas supervisionadas para o ganho de força, resistência e combate a ansiedade e depressão.
Apesar de agora ter no peito um coração cearense, Fabieldo não vê a hora de voltar para Teresina.
“Minha família está me esperando, meus alunos, amigos, a minha vida é lá, apesar do meu coração ser cearense”, brinca.
À espera de um coração
As pessoas que entram em uma lista de espera por um órgão já esgotaram todas as outras modalidades de tratamento. O transplante é a última e única chance que eles têm para resgatar a saúde e renovar a vida.
O aposentado Francisco Edson, 55 anos, também sonha em voltar para casa com um novo coração. Ele veio de Mossoró, no Rio Grande do Norte, em busca de tratamento em Fortaleza. Ele tem encontrado por meio da equipe do Hospital de Messejana, todo o apoio necessário durante a espera pelo transplante de coração.
Diagnosticado com a doença de Chagas, Edson já tentou diversos tratamentos, inclusive em São Paulo. Recomendado pelos médicos paulistas, ele veio para o Hospital de Messejana e desde novembro está na fila de transplante do Ceará.
“Eu canso com facilidade, não consigo me abaixar, fico tonto, não posso fazer esforços. É uma angustia ficar esperando, dependendo da solidariedade de quem perde um familiar. Fico angustiado, mas não posso perder a fé”, descreve.
Ele conta que apoio da família e de toda a equipe multiprofissional tem sido fundamental nesta difícil espera por um coração e torce para que as famílias se compadeçam e doem.
“Eles me dão forças para aguentar, conversam, cuidam e torcem todos os dias. Nós temos muita fé, tem tanta gente esperando. Eu sei que dói perder um parente, mas pensar que você pode ajudar a salvar outras vidas, é uma forma de transformar a dor. Muita gente não entende isso, falta informação”, comenta.
Atendimento no Hospital de Messejana
O Hospital de Messejana, é referência quando o assunto é transplante de coração. De 1998, quando o serviço foi implantado, até o dia 19 de setembro, foram realizados 445 procedimentos. Atualmente, o Ceará possui 21 pacientes na fila por um transplante de coração.
A Unidade de Transplante Cardíaco do HM tem uma equipe multidisciplinar, com 33 profissionais, entre cirurgiões, cardiologistas, anestesistas, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, fisioterapeutas e nutricionistas.
Na unidade, o paciente que precisa passar por um transplante recebe acompanhamento antes da cirurgia com realização de consultas, exames, avaliações nutricionais e psicológicas e depois do transplante, com os cardiologistas e a reabilitação cardíaca, onde durante seis meses os transplantados realizam atividades físicas supervisionadas.