Jovem da zona rural de Quixeré aprovado em Letras-Inglês sonha ser dublador
18 de fevereiro de 2020 - 10:28 #dublador #Enem #intercâmbio #Quixeré
Bruno Mota - Ascom Seduc
Diego Santos Nogueira, de 18 anos, é filho de agricultores e vive na zona rural do município de Quixeré. Desde muito cedo, apresentou facilidade para aprender a língua inglesa e, ao final da educação básica, escolheu aprofundar-se na área, alimentando o sonho de fazer intercâmbios e, um dia, ser dublador. Diego foi aprovado em Letras-Inglês na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), após ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2019. O jovem estudou na Escola de Ensino Médio (EEM) Governador Manoel de Castro Filho.
O gosto pelo idioma nasceu na infância, por influência de uma prima, e fez com que Diego aprendesse pronúncias e significados de palavras com mais facilidade do que outras crianças da mesma faixa etária e nível de ensino. Um pouco mais velho, ao ter contato com jogos eletrônicos, ele conseguiu ampliar os conhecimentos e passou a diferenciar sotaques de diversas regiões do mundo que falam o inglês, como os Estados Unidos, a Inglaterra e a África do Sul, por exemplo.
“Com isso, ganhei mais afinidade com a área. Sou capaz de conversar com uma pessoa em inglês. Ainda não sou fluente e por isso mesmo quero fazer o curso”, explica o estudante, que tem o desejo de conhecer outros países para viver essa experiência de forma mais direta.
Origens
Uma das principais motivações de Diego para dar sequência aos estudos foi o incentivo dado pela família. O pai, que não chegou a concluir o Ensino Fundamental, realiza pequenos trabalhos de maneira informal. Sendo agricultor, aproveita o período de chuvas para plantar e conseguir prover o sustento da família. A mãe chegou a terminar o Ensino Médio e ocupa-se ajudando o marido nas atividades do campo.
Achando-se agora com vaga garantida na universidade e a possibilidade de transformar a realidade da família, Diego diz que “ainda não caiu a ficha” e que já se mobiliza para dar início à nova jornada. A família inteira passará a viver no centro de Quixeré, a fim de facilitar o transporte diário do estudante até a cidade de Mossoró, onde fica o campus que frequentará. Serão quatro horas diárias de viagem, contando ida e volta. Tudo para tornar possível a realização do objetivo de concluir o Ensino Superior e até alçar voos maiores.
Desafio
Em pleno ano preparatório para o Enem, no mês de maio, Diego começou a ter sintomas do que achava ser uma “gripe comum”. Passou uma semana sem ir às aulas e, quando achou que estava melhor, voltou. Entretanto, houve uma recaída e o jovem precisou ficar internado por cinco dias em um hospital, chegando a ter delírios. Na sequência, necessitou permanecer em repouso por duas semanas. Tinha dificuldade para enxergar e quase não conseguia andar. Tratava-se de um quadro de infecção bacteriana.
“Minha visão perdia o foco várias vezes. Só me recuperei por completo quase em setembro”, relembra. Era preciso, então, correr para recuperar as matérias em atraso. “Fiz provas e atividades extras para recuperar os pontos perdidos”, explica.
Preparo
Além do apoio dos pais, Diego também revela que a escola teve papel fundamental na construção de seus projetos. “A escola me proporcionou muitas oportunidades. Os professores eram super gentis e conseguiam ter um nível de amizade com os alunos, da mesma forma que transmitiam bem o conteúdo”, avalia.
Geografia, sociologia, história e inglês eram as disciplinas favoritas do jovem, segundo ele, porque “têm vida”. “Tenho paixão muito grande em aprender sobre todos os países que existem, sobre a trajetória do mundo e sobre a maneira como as pessoas agem. Acho isso muito interessante”, justifica.
A bagagem de conhecimento proporcionada pelas aulas inspirou Diego a escrever uma história. O estudante também demonstra talento como desenhista e redator e atualmente trabalha no desenvolvimento de uma obra literária, intitulada “A gloriosa asa da fênix”.
A história, de acordo com o jovem, traz elementos de ficção científica, romance e religiosidade. “As matérias da escola me ajudaram na construção do roteiro”, considera. A história começou a ser escrita há cerca de dois anos e está no nono capítulo. Mas, lembra Diego, muito ainda há para que seja concluída.