Projetos desenvolvidos por estudantes cearenses são premiados na Febrace
15 de abril de 2020 - 15:43 #Ceará Científico #escolas estaduais #tecnologia
Ascom Seduc - Texto e Fotos
O desejo de ir além na busca por conhecimento motiva jovens da rede pública estadual cearense a procurarem ter base científica na construção dos saberes, contando sempre com o apoio de professores e da equipe técnica da Secretaria da Educação (Seduc). Muitos dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos resultam em ideias inovadoras, que podem oferecer soluções práticas a questões apresentadas pela sociedade. Desta forma, três projetos elaborados por estudantes de escolas públicas cearenses foram premiados na 18ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). A iniciativa, promovida e organizada pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), incentiva a criatividade e a reflexão em alunos da educação básica.
Em 2020, mais de 66 mil estudantes submeteram projetos à Feira. Ao todo, 345 ações foram finalistas, envolvendo 761 estudantes, 510 professores orientadores e coorientadores de 295 escolas nas 27 unidades da federação. Pelo Ceará, a Escola de Ensino Médio (EEM) Ronaldo Caminha, em Cascavel, teve dois projetos premiados, e a Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Avelino Magalhães, em Tabuleiro do Norte, teve uma iniciativa entre as vencedoras.
Victor Manuel Silva, de 18 anos, cursou a 3ª série em 2019 na Escola Ronaldo Caminha e obteve quatro premiações na Feira. Entre elas, o 4º lugar geral na categoria de Ciências Humanas, com o projeto que estuda a incidência da tripanossomíase americana (doença de Chagas) naquele município.
“Nossa comunidade tem alta concentração de casas de pau a pique (taipa) e é afetada por doenças transmitidas por vetores. Conduzi uma pesquisa em campo auxiliada por ferramentas digitais, analisando a distribuição das casas de taipa e as condições estruturais das mesmas. Foi a partir daí que resolvi criar um compósito ecológico, produzido a partir de borracha e vidro, combinados com amostras do solo de Cascavel, para ser substituto do barro nas casas. Esses materiais aumentam a resistência à compressão e à absorção de água, dificultando a perfuração pelo inseto conhecido como barbeiro, que é vetor da doença. É uma tecnologia social que pode reduzir os riscos de exposição das família”, explica.
Aproveitamento
Fabiana Ramos, de 18 anos, concluiu o Ensino Médio em 2019, também na Escola Ronaldo Caminha, onde desenvolveu um projeto tratando de estratégias para lidar com a escassez de água na região, gerando impactos à economia agrícola. A ação ficou em 4º lugar geral na categoria de Ciências Agrárias.
“O meu projeto visa resolver a problemática da falta de água na agricultura. Os produtores da região sofriam muito com a irregularidade hídrica, ainda mais, por conta de o solo ser semiárido e salino, não absorvendo água. Eu percebi que, ao mesmo tempo, existiam muitos resíduos agroindustriais sendo gerados e poluindo o meio ambiente. Meu produto é um material sustentável de baixo custo, biodegradável e de fácil produção, que utiliza cascas de manga e abacate e bagaço de cana-de-açúcar. Com esses materiais produz-se um biopolímero, que ajuda a manter os solos salinos com a presença da água da irrigação por mais tempo. Então, é uma estratégia sustentável para aumentar a produção de alimentos. Meu projeto sempre atua em parceria com a comunidade”, destaca.
Thiago Costa, de 19 anos, fez a 3ª série do Ensino Médio em 2019 na EEEP Avelino Magalhães. Enquanto concluía a educação básica, criou a ação denominada “Friday: uma prótese microcontrolada”, que consiste em uma prótese comandada por estímulos musculares, através de eletrodos. A ação obteve o 2º lugar geral na categoria de Engenharias, além de ter conquistado outros três prêmios na Febrace.
“Atualmente, o nosso projeto conta com mais de oito protótipos com diversas funções. As três principais são produzir uma prótese de baixo custo, criar um equipamento de proteção individual (EPI) para evitar acidentes e produzir um instrumento que ajude na fisioterapia e na reabilitação de usuários que sofreram algum dano em membros superiores ou inferiores. O principal benefício social é disponibilizar um produto de baixo custo. Hoje, uma prótese microcontrolada custa cerca de 120 mil reais e apenas 3% das pessoas com algum tipo de amputação têm acesso a uma. Nosso projeto conseguiu produzir uma prótese com eficiência satisfatória por apenas 750 reais”, indica. “Sou extremamente grato às minhas orientadora e coorientadora, Fabiana da Silva e Gislaine de Almeida”, finaliza.
O secretário executivo do Ensino Médio e da Educação Profissional da Seduc, Rogers Mendes, aponta que a Secretaria tem o protagonismo estudantil como uma de suas premissas. “O processo de desenvolvimento cognitivo dos jovens, tendo como base o método científico, agrega um saber diferenciado, que não é apenas a memorização de um assunto, mas a capacidade de experimentar a construção de um conhecimento que possa ser sistematizado. É uma grande satisfação ver a escola pública cearense demonstrando sua força e revelando novos talentos para a sociedade”, avalia.
Incentivo
A Secretaria da Educação realiza, desde 2007, o Ceará Científico, com o objetivo de popularizar as ciências e promover o desenvolvimento de tecnologias, estimulando a investigação, a inovação e a busca de conhecimentos de forma cotidiana e integrada com toda a comunidade escolar. A ação é implementada nas escolas das redes públicas estadual e municipais.
Os projetos são desenvolvidos pelos estudantes, sob orientação de seus professores, estabelecendo relações dinâmicas dos conhecimentos específicos das disciplinas da base comum do Ensino Fundamental e Médio, com problemáticas sociais, culturais e ambientais, incentivando a construção de projetos que promovam a integração curricular, enaltecendo a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, com foco na sustentabilidade.
O Ceará Científico é o itinerário científico anual da Seduc e possui três etapas: Escolar, Regional e a Estadual. Na Etapa Escolar os projetos são desenvolvidos e apresentados na escola de forma curricular e por afinidade dos estudantes pela temática a ser pesquisada. Os trabalhos que se destacam na etapa escolar seguem para a etapa Regional.
A Etapa Regional é desenvolvida por cada Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) e pela Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor). Os trabalhos que se destacam em cada Regional seguem para a etapa Estadual.
A Etapa Estadual ocorre em Fortaleza e reúne os projetos escolares em destaque de toda a rede pública estadual, distribuídos em oito categorias e um total de 184 equipes e mais de 750 participantes. Os projetos são expostos e visitados por mais de 2 mil pessoas a cada ano.