Recuperação de pacientes com Covid-19 continua após alta hospitalar

15 de abril de 2020 - 17:47 # # # #

Diana Vasconcelos - Ascom HSJ

Desde que os primeiros casos de coronavírus foram confirmados no Ceará, as medidas adotadas no enfrentamento à doença têm objetivos claros: evitar a propagação acelerada do vírus e assegurar o atendimento nos serviços de saúde. Atualmente, o Ceará não registra casos de cura, mas de pessoas em recuperação. De 413 pacientes internados em todo o estado por Coronavírus, 88 receberam alta, até 14 de março.

O empresário Newton Cavalcante de Castro, 66, que recebeu alta após 16 dias de internação, apesar de sofrer com problemas pulmonares, não necessitou de UTI . “Ainda tenho medo, por isso estou mantendo distância das pessoas em casa e usando máscara. Mas o médico me disse que eu estava bem”, afirmou.

Ele conta ainda que antes de ser internado estava seguindo todas as recomendações. Estava em quarentena em casa. “Fiz uma saída com meu filho até um shopping e fui medir minha pressão. Um homem espirrou bem perto de mim. Dias depois a febre começou, com muita tosse, foram seis dias assim até que fui para UPA do Bairro Edson Queiroz e de lá transferido para o Hospital Leonardo da Vinci”, comenta.

Recuperação

O processo de recuperação dos pacientes acontece de duas formas, segundo o infectologista Keny Colares, do Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), do Governo do Estado.

A primeira, a “cura clínica”, ocorre quando não há mais sintomas da doença. Já a “cura microbiológica” significa que organismo eliminou totalmente o vírus, algo que pode demorar mais para acontecer. “Isso varia muito de pessoa para pessoa. Aparentemente, os pacientes levam algum tempo eliminando o vírus, principalmente se compararmos casos leves e graves”, explica.

Os casos leves são aqueles que podem permanecer em casa. Normalmente o paciente é orientado a permanecer isolado em um cômodo dentro de casa, sem manter contato com a família. Saindo deste cômodo apenas em caso de necessidade e usando máscara para proteger os demais moradores da residência. Mas nunca saindo de casa. Nestes casos, conforme o infectologista, o mais comum é que o vírus permaneça presente por 14 dias a partir do começo dos sintomas.

“Quando não mais houver sintomas, tiver pelo menos três dias sem febre ou sintomas respiratórios (como tosse), é possível dizer que ele esteja curado. É importante ressaltar que a tosse pode ficar com o paciente por uns dias, mas ela não pode ser forte, nem causar incômodos. E isso para casos leves e com acompanhamento médico”, diz Keny.

O médico explica ainda que a realidade para casos graves é outra. “Cada paciente tem sua própria avaliação médica em casos graves. Alguns levam mais tempo que outros para se recuperar”, disse.Algumas internações levam um dia, outras duas semanas. Alguns pacientes chegam a necessitar de UTI, mas tudo sob o olhar atento da equipe médica que avalia as necessidades de cada paciente.

“A alta hospitalar pode significar apenas que ele não precisa mais de internação. Então ele vai passar a ter o isolamento domiciliar, como ocorre nos casos leves, até eliminar o vírus completamente”, comenta o infectologista.

Casos assintomáticos

Uma questão preocupante são o registro de casos assintomáticos. Ou seja, pessoas que têm o vírus, mas não apresentam sintomas, fazendo com que nem mesmo saibam que estão doentes. “A proporção da quantidade dessas pessoas ainda não é clara. Imagina-se que ela também possa transmitir, mas ainda não se sabe o alcance disso. Esse é um dos motivos que tornam o distanciamento social tão importante. Na verdade, fundamental. Ele dificulta a transmissão, não importa se o transmissor é um caso leve, grave ou assintomático. E mesmo após a cura, todos eles devem seguir essa recomendação”, disse Keny Colares.

Isolamento social

O infectologista faz um alerta para a população. “Estamos nos dedicando profundamente. Queremos muito ver todos bem, e os doentes se curarem. Mas se a população não fizer sua parte, pode se tornar um esforço em vão”, destacou.

Newton reforça a mensagem do médico. “Graças a Deus e a equipe médica, estou bem. Quero dizer para as pessoas que ainda estão saindo de casa, se descuidando, que respeite as outras pessoas. A vida dos outros tem de ser respeitada sempre. Fique em casa. Sinto que o problema só está começando e temos de ter muito cuidado se não quisermos perder quem a gente ama”, diz.