Maior pesquisa epidemiológica do Brasil vai identificar alcance do coronavírus em Fortaleza

2 de junho de 2020 - 12:49 # # # # # # # #

Antonio Cardoso - Assessoria de Comunicação Institucional Texto
Tatiana Fortes Fotos

Uma das maiores dificuldades em todo o mundo para a identificação do contágio do novo coronavírus (Covid-19) é a escassez de testes. O Ceará é o estado que mais realiza a testagem e inova ao dar início, na manhã desta terça-feira (2), às atividades da pesquisa “Inquérito Sorológico” que avaliará os impactos do coronavírus em Fortaleza a partir de parceria entre o Governo do Ceará, Prefeitura de Fortaleza e Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

Desde às 7h30 desta terça-feira, cerca de 250 profissionais (entre agentes comunitários, enfermeiros e pesquisadores) começaram a realização dos testes rápidos para a SARS-Cov-2 em domicílios da Capital. Serão 9.900 testes rápidos, divididos em 3 fases, cada uma com 3.300. “É a maior pesquisa epidemiológica do país em quantidade. A partir dela poderemos identificar o número de pessoas já infectadas, as que já tiveram coronavírus em Fortaleza. Teremos informações mais seguras para a tomada de decisões sobre flexibilização, para dar mais segurança à população do Ceará”, afirma o governador Camilo Santana, acrescentando que o mesmo deve ocorrer em outros municípios. “Começamos por Fortaleza, onde está concentrado o maior número de casos”, complementa o gestor.

Para a seleção dos bairros, foi considerada a divisão do município pelas seis Secretarias Executivas Regionais (SER). Os domicílios foram selecionados de forma sistemática. Fez-se sorteio das casas visitadas e entre os moradores e cada unidade. No caso dos menores de idade e incapazes, os testes serão feitos mediante autorização dos pais ou responsável.

A secretária municipal de Saúde, Joana Maciel, acompanhou de perto a realização dos exames. Ela avaliou que na atual situação em que se encontra Fortaleza, realizar pesquisa de tamanho impacto é uma das medidas mais acertadas. “É de fundamental importância porque estamos num momento de discreta queda de casos e de óbitos, mas com uma queda importante por demanda assistencial. A gente tem percebido uma baixa procura com relação ao que já tivemos tanto nos postos de saúde como nas UPAs e hospitais”, comentou a secretária. “Vai servir para nortear, inclusive, a retomada das atividades econômicas”.

As coletas estão sendo realizadas por enfermeiros da Secretaria Municipal de Saúde, com apoio de campo de Agentes Comunitários de Saúde e supervisores do Instituto Opnus. Pedro Barbosa é diretor do Instituto que coordenará os trabalhos. Ele explica que trata-se de pesquisa com metodologia de seleção aleatória, justamente para que se possa representar a totalidade da população de Fortaleza. “Ela tem como objetivo estimar o número real de infectados. Porque nós sabemos que só são testadas as pessoas que buscam o sistema de saúde, quem apresenta os sintomas um pouco agravados. Então o objetivo da pesquisa é testar toda a população, independente se ela apresentou sintoma ou não, se buscou ou não o serviço de saúde. Aqueles que não tiveram nenhum sintoma. Isso é importante para podermos ter cálculos mais precisos da letalidade da doença”, conta Barbosa, acrescentando que os dados servirão, ainda, para municiar as autoridades de informações para que sejam definidas as estratégias de prevenção e combate à Covid-19, bem como definir as estratégias de isolamento.

Um dos maiores riscos de contaminação que a Covid-19 oferece está na possibilidade de o indivíduo estar contaminado e não apresentar sintoma. Desta forma a pessoa pode acreditar que está saudável e acaba espalhando o vírus. A aposentada Aldira Luz, moradora do bairro São João do Tauape, foi surpreendida ao descobrir que já foi infectada pelo coronavírus. A descoberta aconteceu logo no início da testagem em massa, nesta manhã. Ao ver o resultado do exame, ela disse não saber como ocorreu o contágio, uma vez que mais ninguém da sua família apresentou qualquer sintoma. “Eu só saio de casa para ir ao supermercado ou na farmácia. Deve ter sido numa dessas saídas”, acredita.

Todavia, Aldira conta que há cerca de dois meses apresentou o que chamou de sensação de febre e diarreia, tendo tratado com soro caseiro. Sobre o exame, ela considerou como sendo uma importante atitude. “Eu mesma não sabia que isso estava acontecendo comigo porque não sentia o que as outras pessoas sentem como falta de ar, muita febre, dores no corpo e eu não senti. Fico tranquila por estar curada, mas fica o alerta”. Quem testa positivo passa a ter acompanhamento das equipes de saúde da área.

No mesmo bairro, quem também ficou aliviado foi o aposentado Raimundo Pires de Oliveira, 78 anos. Ele e sua esposa, a dona Dorotéia, de 72 anos, fizeram o teste rápido e deram “graças a Deus” ao verem o resultado negativo. “As pessoas precisam receber bem os profissionais que vem fazer o exame em casa. É importante que a população não saia para a rua. Você fazer o teste e saber que não está com coronavírus já é um alívio. A gente já tem cuidado e daqui para frente temos que reforçar os cuidados”, disse o senhor Oliveira.

Como reconhecer o pesquisador

Os pesquisadores portam crachá de identificação, termos de consentimento para participação e panfleto informativo da pesquisa, bem como estão paramentados com todos os equipamentos de segurança: touca, avental, óculos, máscara e luvas. Todos são treinados para aplicação dos testes e sobre os procedimentos de biossegurança.

Sobre o teste

Está sendo realizado o teste rápido, que se trata de uma simples picada na ponta do dedo, coletando uma gotinha de sangue. Em 15 minutos o resultado já estará disponível. Durante esse tempo, é aplicado o questionário com informações de sexo, idade, escolaridade, bem como sobre condições de saúde e possíveis sintomas que o morador tenha apresentado recentemente.

 

 

Ouça:

O governador Camilo Santana destaca a importância da pesquisa e faz um comparativo quanto ao alcance, com o restante do país.

A secretária de Saúde de Fortaleza, Joana Maciel, acompanhou de perto a realização dos exames. Ela avaliou que na atual situação em que se encontra Fortaleza, realizar pesquisa de tamanho impacto é uma das medidas mais acertadas.

Pedro Barbosa é diretor do Instituto que coordenará os trabalhos. Ele explica que trata-se de pesquisa com metodologia de seleção aleatória, justamente para que se possa representar a totalidade da população de Fortaleza.

Segundo a secretária executiva de Vigilância Sanitária do Ceará, Magda Almeida, os testes vão ser feitos junto com os agentes comunitários de saúde. Ela destaca ainda que a pesquisa vai identificar quantas pessoas estão imunes ao vírus.