Autismo pode ser fator de risco para Covid-19, aponta pesquisa inédita realizada pela Uece
9 de junho de 2020 - 14:24 #autismo #pesquisa #saúde #Uece
Ascom Uece
O Grupo de Estudos em Neuroinflamação e Neurotoxicologia (Genit) da Universidade Estadual do Ceará (Uece) publicou o trabalho intitulado “Os distúrbios do espectro do autismo podem ser um fator de risco para o Covid-19?”. Nele, os pesquisadores Gislei Frota, Matheus Eugênio Lima e Levi Barros analisam a hipótese de que portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA) possam ser classificados como grupo de risco para a infecção pelo novo coronavírus.
A pandemia de coronavírus SARS-CoV-2 está infectando milhões de pessoas e alguns estudos relacionam condições que podem aumentar o risco de desenvolver um curso fatal para a doença, como diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade. O TEA envolve várias modificações no nível genético e imunológico, capazes de serem fatores de risco, assim como as outras condições.
De acordo com o pesquisador e coordenador do Genit, professor Gislei Frota, trata-se de um estudo inédito. “Pela primeira vez foi postulado que o TEA poderia ser fator de risco para Covid-19”. Ele conta como surgiu a hipótese. “Pessoas com TEA são mais suscetíveis a infecções e outras co-morbidades, isto deve-se ao fato delas apresentarem um perfil metabólico diferente com importante desregulação imune”.
A pesquisa é de suma importância, considerando que a estimativa é de que existam, aproximadamente, 70 milhões de autistas no mundo. “A importância deste estudo é lançar para a comunidade médica e cientifica uma atenção especial para pessoas com autismo, pois trata-se de uma população que vem crescendo ano a ano. Seria importante discutirmos à luz do conhecimento científico e desenvolvermos pesquisas de coleta de dados com estas pessoas”, destaca professor Gislei.
O estudo conclui que existem várias características do TEA que podem ser considerados pontos para agravamento da Covid-19, como a vulnerabilidade do sistema imune, um estado constante de inflamação endógena, neuroinflamação, além de haver uma particularidade comum entre TEA e Covid, de afetar mais a população do sexo masculino. Assim, esses fatores podem tornar a população autista mais vulnerável à Covid.