Prematuridade é tema de série de reportagens
6 de julho de 2020 - 19:04 #HGCC #prematuros #série de reportagens #Sesa
Wescley Jorge - Ascom HGCC
Thiago Freitas - Fotos
Salvar vidas é uma das missões dos hospitais da rede pública da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), do Governo do Estado. Quando uma criança vem ao mundo de forma prematura, este desafio torna-se ainda maior. Os bebês que nascem antes do tempo previsto precisam de cuidados especiais, que envolvem a participação da família e de profissionais de saúde especializados.
Nas unidades da rede estadual, a humanização é uma das marcas do atendimento aos recém-nascidos, cuja recuperação motiva o trabalho das equipes diariamente. Para contar estas histórias de superação, preparamos a série “Pequenos guerreiros, grandes vitórias”. Na primeira das cinco reportagens, você vai entender o que é a prematuridade e conhecer Lays Victória, prematura nascida com 33 semanas no Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC).
Cuidados que ajudam a salvar vidas
“Eu não queria ir para casa sem ela.” A frase, que ainda emociona a vendedora Concilândia Silva de Menezes, 47, é pronunciada com frequência por mães de recém-nascidos prematuros. Receber alta do hospital sem o filho ou filha faz parte da realidade de cerca de 360 mil mulheres anualmente no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria. A gestação de uma vida prematura tem continuidade, muitas vezes, nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal.
Neste momento, entra em cena uma equipe multiprofissional, especializada em áreas como Medicina, Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Serviço social. Cada um dos profissionais atua de maneira específica para garantir o cuidado integral e humanizado aos bebês. Além disso, são necessários medicamentos e tecnologias avançadas, que podem proporcionar ao recém-nascido prematuro a possibilidade de viver e de se recuperar antes de, finalmente, ir para casa.
O Hospital Geral Dr. César Cals, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), do Governo do Estado, é referência em cuidado neonatal e na assistência especializada e terciária de alta complexidade na emergência obstétrica. “O HGCC, por ser terciário, com suporte de UTI adulto e neonatal, é um espaço adequado e preparado para o atendimento a situações de prematuridade, pelo suporte que se precisa dar às mães e também aos recém-nascidos”, explica o chefe do serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Flávio Ibiapina.
O que é a prematuridade
A prematuridade apresenta-se em quatro categorias. Para cada uma delas, o tratamento é especifico e individualizado, conforme definição da Organização Mundial da Saúde (OMS). “A prematuridade é uma síndrome clínica complexa, que ocorre em todos os bebês que nascem com menos de 37 semanas. Pode ser dividida em quatro categorias: prematuro extremo, bebê que nasce com menos de 28 semanas; muito prematuro, entre 28 e 32 semanas, o prematuro moderado, entre 32 e 34 semanas, e o prematuro tardio, entre 34 e 37 semanas de idade gestacional”, esclarece a neonatologista e coordenadora do Centro de neonatologia, Ana Daniele Andrade Vitoriano.
Diversos fatores podem contribuir para o nascimento do bebê antes de completar o tempo gestacional. “A prematuridade pode ser de origem espontânea, ou seja, a paciente pode entrar em trabalho de parto espontaneamente, por uma causa desconhecida, ou causa infeciosa, como infecção urinária, ou pela rotura das membranas anteparto, provocando um desencadeamento no trabalho de parto prematuro. Em algumas situações, também pode ocorrer por indicação médica”, explica Ibiapina.
Internada desde o dia 19 de maio deste ano no HGCC, Concilândia Silva precisou fazer uma cesariana após apresentar um quadro de pressão alta. No dia 20 de junho, ela deu à luz Lays Victória. A menina, nascida prematura com 33 semanas, foi levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde permaneceu por nove dias. “Eu mal pude ver minha filha. A emoção de ter e não e não poder ficar perto dela foi angustiante”, lembra.
Agora, na Unidade Canguru, Lays recebe cuidados para ganhar peso, continuar o acompanhamento intensivo e estimular a amamentação. Mãe e filha receberão alta quando estiverem estáveis e a criança conseguir mamar corretamente. “Estou ansiosa para ir para casa. Eu me sinto muito bem, aliviada e feliz. Vejo, a cada dia, a evolução dela. Esta não foi uma gestação planejada, mas foi muito bem-vinda”. revela a mãe de Lays.
A filha de Concilândia, assim como todos os bebês prematuros nascidos no HGCC, conta como uma estrutura totalmente voltada para permitir o suporte especializado. O Centro de Neonatologia está dividido em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), Unidade de Cuidado Intermediário Convencional (UCINCo) e Unidade de Cuidado Intermediário Canguru (UCINCa), além do banco de leite humano.
Mesmo com todo o aparato profissional e tecnológico, a participação da família ajuda a recuperação dos prematuros. A vivência, o toque dos pais, a presença de outros familiares, como avós e irmãos, favorece o fortalecimento dos vínculos. “A gente tenta envolver a família no cuidado. Conforme a gravidade do bebê, a instabilidade, a mãe fica impossibilitada até de tocar. Quando ele fica mais estável, a gente começa a trabalhar com a família a transição do cuidado”, pontua a coordenadora de Enfermagem Neonatal do HGCC, Raquel Holanda.