Atendimento especializado e estímulos afetivos ajudam na recuperação de bebês prematuros
8 de julho de 2020 - 16:54 #Gestação #Prematuridade #Sesa
Filipe Dutra - Texto e Fotos
Jeorge Farias - Artes gráficas
Para Laene Pereira de Sena, 20 anos, a descoberta da gravidez foi a melhor notícia que recebeu na vida. Por conta de um quadro de pressão alta, o parto precisou ser feito na 32º semanas de gestação. Com isso, a filha dela nasceu prematura, em 27 de junho, com 1,3 kg. Porém, toda a experiência vivida por Laene, mãe de primeira viagem, reforça a incondicionalidade do amor maternal.
“No início, eu fiquei um pouco triste, não esperava. Mas, depois, passou e eu vi que não era nada demais. Só em ter minha filha nos meus braços é muito bom. Cada dia aumenta mais meu amor por ela”, relatou Laene, que é moradora de Jucás. A agricultora diz que deve registrar a filha como Mirela, nome do qual ela sempre gostou.
A menina foi transferida no dia 3 de julho de Iguatu, onde nasceu, para o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), da rede pública da Secretaria da Saúde (Sesa), do Governo do Estado. Na unidade, Mirela é cuidada na ala semi-intensiva neonatal e tem a nutrição garantida pelo Banco de Leite Humano do Hospital. A mãe recebeu orientações sobre cuidados importantes do aleitamento, como a postura correta da criança e o acompanhamento do calendário de vacinas. “Tudo que aprendi aqui já é muito gratificante. Sei, também, que ela está sendo bem cuidada e bem tratada”, conta.
Cuidados essenciais
Além das precauções necessárias para evitar a contaminação por Covid-19, como evitar expor o bebê a pessoas com sintomas gripais, as mães precisam colocar em prática os cuidados com o aleitamento e estabelecer o contato corpo a corpo com o filho. “É preciso manter o bebê aquecido, porque ele não consegue manter a temperatura sozinho, e ofertar estímulos afetivos”, ressaltou a enfermeira neonatal Natércia Bruno.
Qualquer bebê e, sobretudo os prematuros, necessitam do leite materno. No caso das crianças que nascem antes do tempo previsto, a alimentação deve ser feita de maneira gradativa. “Eles têm que ganhar peso em seu tempo. Tem mães que querem engordar as crianças com alimentos como mingau, e isso não é bom. Tem que estimular o peito”, acrescentou o pediatra e coordenador da ala semi-intensiva neonatal, Fernando Benevides. Laene, que recebeu todas as dicas no Hospital, garante que vai aplicar os ensinamentos ao retornar para casa. “Vou cuidar dela com todo o amor do mundo”, pontuou.
Eles têm seu próprio tempo
Por chegar ao mundo ainda em desenvolvimento, o bebê prematuro precisa ser tratado com o máximo de delicadeza, tanto no hospital quanto em casa, depois da alta. “A gente tem que entender que ele estava na barriga, protegido, e ele não estava pronto para sair do útero. Ele vai se desenvolvendo fora do útero e é preciso ter cuidados especiais”, explicou Natércia.
A prematuridade passa por várias etapas e é preciso respeitar cada uma delas. De forma humanizada, o Albert Sabin analisa a necessidade de cada paciente e adequa o tratamento de forma a garantir um retorno para casa com o menor risco de doenças possível.
“Tem uma etapa em que os prematuros não conseguem mamar. Temos que dar um suporte nutricional para eles. É importantíssimo o bebê prematuro receber, nesta fase, a nutrição parenteral [em outras vias que não as gastrointestinais] e a nutrição trófica [em pequenas quantidades] o quanto antes. Quando começa a aumentar a idade gestacional, estimulamos o contato com a mama junto com a mãe. Isso pode acontecer com 34 ou 35 semanas ou antes, dependendo do tempo de cada um”, ressaltou Benevides.
Atendimento
A neonatologia do Hospital Infantil Albert Sabin possui uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais e radiologistas. Ao todo, o setor dispõe de 22 leitos de enfermaria e 12 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Além de prematuros, a unidade recebe bebês com malformações e outras doenças que necessitem de cirurgia.
O hospital conta, ainda, com um ambulatório de follow-up (termo em inglês para “acompanhamento”), onde os bebês internados no Hospital que precisam de cuidados especiais são assistidos por uma equipe multidisciplinar para o desenvolvimento da parte psicomotora.
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