SSPDS usa inteligência artificial para aperfeiçoar o mapeamento de grupos criminosos no Ceará a partir de pichações

14 de julho de 2020 - 18:01 # # # # #

Ascom SSPDS

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS/CE) iniciou o mapeamento da atuação de grupos criminosos do Ceará com a coleta de dados sobre pichações em edificações e muros utilizando inteligência artificial. O novo serviço pretende reunir dados para estabelecer padrões e comportamentos de integrantes desses grupos no Estado. Baseado na ciência de dados, a inovação tecnológica será mais uma ferramenta para subsidiar o trabalho das agências de inteligência policiais do Estado, reunindo um banco de dados com informações que serão integradas ao Big Data da Segurança Pública.

A primeira coleta da iniciativa aconteceu, nessa segunda-feira (13), durante implantação da 30ª base do Programa de Proteção Territorial e Gestão de Risco (Proteger), a unidade fica no município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.

Forma de expressão mais utilizada por integrantes de organizações criminosas, as pichações funcionam como instrumento para demarcar territórios, fazer ameaças a rivais e tentar demonstrar poder sobre uma área delimitada. A partir dessa premissa e baseado na análise de comportamentos coletivo e individualizado dos investigados, a SSPDS inicia um levantamento que irá produzir material de inteligência policial para apoiar a investigação criminal e o planejamento de patrulhamento ostensivo realizado pelas agências de segurança pública do Estado. Na prática, os próprios criminosos irão fornecer material para a Polícia alimentar o Big Data; aquilo que pode parecer demonstração de força será empregada para enfraquecer suas ações e fortalecer a segurança pública do Ceará.

Todas as informações serão alimentadas utilizando o Programa de Comando Avançado (PCA), aplicativo para celulares de uso exclusivo de profissionais da segurança pública do Ceará. Lembrando que pichar é crime conforme a Lei de Crimes Ambientais, com pena detenção que chega até um ano, e multa.

Para o secretário da SSPDS, André Costa, essa é mais uma inovação desenvolvida pela Secretaria na área de ciência policial e tecnologia aplicadas à segurança pública, que vai servir de exemplo para todo o País e América Latina. “Essa nova função que a gente começa a usar hoje (segunda-feira, dia 13) vai permitir que todo policial, a partir de agora, torne-se um agente de inteligência. Ele vai poder, através do smartphone, inserir uma fotografia, que será georreferenciada, ou seja, o próprio celular já vai dar a localização de onde ela (a pichação) está e também marcar o dia e hora dessa fotografia. Ele ainda vai incluir qual o grupo criminoso a que se refere à pichação. Quando esses criminosos picharem o local e os policiais fotografarem e enviarem esses dados, eles entram na base do nosso Big Data da Segurança Pública”, explica.

Os dados compilados na função “Pichação” no aplicativo PCA servirão para construir parâmetros de atuação dos grupos criminosos no Estado e para fomentar estratégias policiais de combate aos crimes nessas áreas. “Os policiais das áreas de investigação e inteligência vão poder ver os dados em um mapa e, assim, a gente vai ter um mapeamento atualizado com dados de determinado grupo criminoso em qual área, bairro ou comunidade ele se encontra. Isso é fundamental para as ações de inteligência tanto para as investigações como também para que o próprio patrulhamento possa organizar seus efetivos e entender quais áreas devem ser priorizadas”, destaca André Costa.

Junto à estratégia de inteligência para coletar dados para uso da segurança pública, os locais onde os policiais encontrarem pichações com marcas de grupos criminosos serão pintados. “Iremos cobrir essas pichações e tirar essas identidades visuais. Isso é muito negativo aqui, especialmente para a juventude, que vê esse exemplo envolvendo facções”, frisou André Costa.

Na palma da mão

O funcionamento da iniciativa é semelhante ao que já acontece com outras ferramentas tecnológicas criadas e desenvolvidas pela SSPDS, em laboratórios cearenses, por meio de pesquisadores financiados pelo Estado do Ceará e com a participação direta de profissionais do Sistema de Segurança do Ceará. O dispositivo utilizado para a função “Pichação” é o Programa de Comando Avançado (PCA), aplicativo para celular que integra bases civil e criminal da população do Estado, dados de veículos e motoristas, biometria e o reconhecimento facial. A nova função já está disponível para atualização nas lojas virtuais para usuários que utilizam os sistemas operacionais iOS e Android. O uso é exclusivo para servidores da segurança pública.

Como funciona?

Com um smartphone nas mãos e com o aplicativo PCA aberto, o policial vai iniciar o cadastro da pichação inserindo informações relevantes sobre as características encontradas no local. Primeiro, ele vai marcar a qual grupo criminoso pertence aquela pichação, em seguida, incluir uma descrição apontando onde a pichação foi encontrada, como por exemplo, “na parede de uma casa”, “na fachada de um estabelecimento comercial”. O próximo passo é acionar a câmera do celular para fazer o registro fotográfico das inscrições deixadas pelos criminosos. Por fim, o policial vai posicionar no mapa a localização exata da pichação utilizando o GPS do aparelho celular e concluir o cadastro na ferramenta. Em tempo real, as informações são transmitidas para o Big Data para acesso das agências de inteligência policial do Estado.

Tecnologia compartilhada

A função “Pichação” foi desenvolvida numa parceria entre a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS/CE) e o Laboratório de Processamento de Imagem, Sinais e Computação Aplicada (Lapisco), vinculado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). A colaboração entre as instituições também propiciou a criação e uso do reconhecimento facial, outra ferramenta disponível ao policial que acessa o aplicativo PCA. Juntos, SSPDS e IFCE constroem soluções para aprimorar o uso da tecnologia aplicada à segurança pública a partir da análise de sinais (áudio, voz, imagem, vídeo).

Big Data da Segurança Pública

A criação do Big Data da Segurança Pública, batizado de “Odin”, é fruto da parceria entre a SSPDS e pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC). A ferramenta integra mais de 100 sistemas dos órgãos de Segurança Pública do Estado e de instituições parceiras em uma única plataforma. Ela permite a tomada de decisão baseada em dados, feita de forma automática e em tempo real, dando maior celeridade aos processos e economia de tempo. Além disso, o “Odin” facilita o processo de investigação e inteligência policial com o detalhamento de territórios e informações de caráter investigativo, contribuindo para a formulação de estratégias de combate à criminalidade.

 

Ouça:

O titular da SSPDS, André Costa, explica sobre a nova ferramenta.

André Costa fala sobre a funcionalidade da inovação.