SSPDS utiliza territorialização e tecnologia no combate ao crime em comunidades da Grande Fortaleza
4 de agosto de 2020 - 17:35 #Polícia Comunitária #Proteger #RMF
Aline Freires - Texto e Fotos
Mais uma base do Programa de Proteção Territorial e Gestão de Riscos (Proteger) foi inaugurada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), nesta terça-feira (4). A instalação da 32ª estrutura fixa ocorreu próxima à Areninha do bairro Granja Lisboa, na Área Integrada de Segurança 2 (AIS 2) de Fortaleza. Durante o encontro, que marcou o início das atividades do programa na região, com o objetivo combater os crimes territoriais a partir da presença permanente da Polícia Militar do Ceará (PMCE), o secretário da SSPDS, André Costa, aproveitou para mostrar como é feito o trabalho de mapeamento de organizações criminosas com a utilização da inteligência artificial.
Além da presença do gestor da Segurança Pública cearense, a inauguração da 32ª base contou também com a participação do coronel comandante geral da Polícia Militar do Ceará, Alexandre Ávila; e o assessor de Polícia Comunitária (APCom), capitão PMCE Messias Mendes. A chegada do programa à Granja Lisboa vem com o objetivo de promover um policiamento de proximidade com os moradores do microterritório, baseando-se em doutrinas de polícia comunitária. Atualmente, Fortaleza e Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) contam com 32 bases no total, com previsão de mais 12 a serem instaladas até o fim deste ano. Nessa segunda-feira (3), os gestores já haviam inaugurado o Proteger na cidade de Maracanaú, no bairro Maracanãzinho, na RMF.
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“Os locais de instalação das bases são selecionados através de todo um estudo, um algoritmo montado pela Secretaria da Segurança por meio da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supes), que analisa 70 indicadores. Ou seja, são estudadas as estatísticas de homicídios dos últimos quatro anos, além dos indicadores socioeconômicos, que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) desses territórios. Todos esses dados são georreferenciados e, por intermédio dessa análise, nós definimos de forma científica e técnica, os pontos para a inserção dessas bases”, detalha André Costa.
O gestor destaca ainda que o modelo adotado no Proteger possui traços semelhantes às iniciativas utilizadas em outros estados da Federação, mas com a diferença de ir além do trabalho policial. “Diferente do que já foi feito em outras regiões do Brasil, nós não nos restringimos em colocar somente o trabalho da Polícia Militar. Temos também a atuação da Polícia Civil, com as equipes do nosso projeto de dissuasão focada nos microterritórios, além de uma parceria muito forte com a Prefeitura de Fortaleza e com outros parceiros públicos e privados no desenvolvimento de ações de urbanização, iluminação pública, coleta de lixo e de práticas de esporte, de educação e de cultura. Nós investimos e acreditamos nesse policiamento territorializado que atua próximo da comunidade e busca a resolução dos problemas”, explica.
Inteligência artificial e mapeamento de grupos criminosos
O bairro Granja Lisboa é um dos territórios onde informações acerca de pichações em muros e edificações, promovidas por coletivos criminais, passarão a ser coletadas. Com uma foto tirada por um aparelho smartphone e enviada para o aplicativo Portal do Comando Avançado (PCA) da SSPDS, os profissionais de segurança pública coletarão dados para estabelecer padrões e comportamentos de integrantes de organizações criminosas no Estado. Baseado na ciência de dados, a inovação tecnológica será mais uma ferramenta para subsidiar o trabalho das agências de inteligência policiais do Estado, reunindo um banco de dados com informações que serão integradas ao Big Data da Segurança Pública.
“É um aplicativo móvel, que já tinha várias funcionalidades, como pesquisas de antecedentes criminais e de pessoas, por meio de documentos, biometria e também reconhecimento facial. Agora inserimos essa nova função, para que o policial na rua também se torne de um agente da inteligência. Ou seja, com a utilização do smartphone e com esse aplicativo, ele pode verificar locais onde há pichações feitas por organizações criminosas, tirar uma foto, que será georreferenciada pelo próprio aparelho. Depois disso, ele insere informações sobre qual grupo criminoso, bem como outros dados que ele julgue importante. Tudo isso alimentará uma base de inteligência da SSPDS, que é o nosso Big Data, o primeiro e único no País na área da segurança pública”, explica Costa.
A função “Pichação” foi desenvolvida numa parceria entre a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS/CE) e o Laboratório de Processamento de Imagem, Sinais e Computação Aplicada (Lapisco), vinculado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). A colaboração entre as instituições também propiciou a criação e uso do reconhecimento facial, outra ferramenta disponível ao policial que acessa o aplicativo PCA. Juntos, SSPDS e IFCE constroem soluções para aprimorar o uso da tecnologia aplicada à segurança pública a partir da análise de sinais (áudio, voz, imagem, vídeo).
O comandante geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Ávila, reforça que os exemplos mundiais de cidades inteligentes na área da segurança pública utilizaram métodos semelhantes para reverter cenários. “A nossa ideia, através dessa política da Secretaria da Segurança, que possui uma evolução tecnológica fortíssima e sem precedentes no Estado, é utilizar esse método para que possamos nos contrapor com mais força a esses grupos e ter ainda mais capacidade de agir de forma pontual, qualificada e cirúrgica nessas situações. Isso é uma tendência mundial, pois os princípios de cidades inteligentes, que conseguiram reverter quadros de violência, utilizaram métodos parecidos e apresentaram grande eficácia”, disse.