Mestre Pedro Bandeira
24 de agosto de 2020 - 17:05
Ascom Secult
Poeta Pedro Bandeira faz sua partida e, com sua viola, faz cantorias agora em outros céus e tantas paragens
“Enquanto outros fazem muros, eu vou construindo pontes”, cantou Pedro Bandeira.
O Mestre da Cultura do Ceará, o poeta Pedro Bandeira, o “Príncipe dos Poetas Populares do Nordeste”, nos deixou nessa segunda-feira, dia 24 de agosto. Com muita tristeza e pesar, o Ceará se despede desse grande artista. No coração, suas canções e também um mundo de gratidão por seu imenso legado e obra, por sua grandeza, por sua imensidão. Com pesar, a Secult Ceará agradece sua existência, festeja sua arte, e deseja luz e paz na sua travessia.
Nascido em 1º de maio de 1938, no Sítio Riacho da Boa Vista, município paraibano de São José de Piranhas, sendo filho de Tobias Pereira de Caldas e da poetisa Maria Bandeira de França. Bem jovem veio morar no Cariri, onde fez fama com sua poesia e cantoria que ecoou nas quermesses, festivais, rádios e televisões em todo o Nordeste. No ano de 2018, ele recebeu o título de Tesouro Vivo da Cultura pela Secult-CE, reconhecido pelo Governo do Ceará. Sua cantoria seguirá viva e alegre por todo sempre!
“No dia do meu enterro / não precisa de aparato / enterre os meus pés em Barbalha / o meu coração no Crato / e a cabeça em Juazeiro”, cantou, certa vez, seu amor pelo nosso estado.
O Governo do Estado do Ceará, por meio da Secult teve a alegria de entregar pelas mãos da Vice-Governadora Izolda Cela, ao nosso poeta Pedro Bandeira, a Comenda Patativa do Assaré, no dia 6 de junho de 2019, no Theatro José de Alencar. Esta condecoração é dada a personalidades, artistas, poetas, cantadores, pesquisadores que se destacam por suas relevantes contribuições à Cultura Popular Tradicional. Na ocasião, receberam a mesma Comenda, a folclorista Elzenir Colares e também o poeta popular Geraldo Gonçalves (In Memoriam). Foi um encontro formidável, com a mão trêmula e com seus versos firmes, o mestre Pedro Bandeira encantou toda a plateia do Theatro José de Alencar com sua poesia e sabedoria.
“Pedro Bandeira não era só o Príncipe dos Poetas Populares do Nordeste. Ele era um grande arquiteto da literatura popular e da cantoria. Nessa matéria, foi professor e maestro. Seus versos são da grandeza dos grandes poetas clássicos da língua portuguesa. Era um homem culto e extremamente popular. Seus versos lidos, declamados ou cantados estão gravados nos corações do sertão nordestino. Além disso, foi um grande comunicador e difusor da cultura popular. O Nordeste deve muito a esse senhor na construção de nossa identidade e pertencimento como seres nordestinos. Então, gratidão poeta mestre Pedro Bandeira! Siga seu caminho de luz! Salve sua obra e daqui continuamos na nossa peleja. Viva Pedro Bandeira!”, destaca o secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba.
Pedro Bandeira
Pedro Bandeira, 81, é o “Príncipe dos Poetas Populares do Nordeste”. Nascido no sítio Riacho da Boa Vista, município de São João de Piranhas, o poeta e cordelista também atuou como repentista, cantador, escritor, radialista e apresentador de TV. Formado em Letras, Teologia e Direito, versa desde os seis anos. Aos 17, tornou-se profissional.
Pedro Bandeira é de uma família de poetas. Uma das pessoas que cantou com mais maestria o sertão. Tinha um conhecimento profundo das coisas da terra e da religiosidade popular, então cantou sempre com muita propriedade. A parceria com o cantador Geraldo Amâncio também é um ponto forte. Na seara radiofônica, por sua vez, o início deu-se na Rádio Educadora e a “fama” aconteceu com o programa Viola e Violeiros, no Crato. Como escritor, escreveu também muitos folhetos.
Pedro Bandeira é autor de centenas de músicas, entre elas a peça “Graça Alcançada”, que veio a ser gravada por mais de 20 intérpretes e pode ser considerada o hino dos romeiros e das romarias em Juazeiro do Norte. Além de renomado expoente de uma geração de cantadores, Pedro Bandeira veio a destacar-se também na Literatura de Cordel, com mais de uma centena de títulos publicados e ilustrados pelos principais xilógrafos cearenses. Escreveu ainda 14 livros, entre eles “Matuto do Pé Rachado” e “O Sertão e a Viola”.
É neto materno do famoso cantador nordestino Manoel Galdino Bandeira, de quem herdou o talento repentista. Recebeu o título de Tesouro Vivo da Cultura do Ceará, concedido pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, em 2018 e a Comenda Patativa do Assaré em 2019.
A Secult Ceará celebra o nosso mestre e deseja luz na sua caminhada, deseja paz aos seus familiares e amigos nesse momento de dor e partida. Viva Pedro Bandeira, você é eterno, poeta! Viva, viva!