Mulheres caririenses utilizam Caderneta Agroecológica como instrumento de autonomia
18 de setembro de 2020 - 09:50 #Autonomia #caderneta agroecológica #Cariri #fida #mulheres #Projeto Paulo Freire #SDA
Rones Maciel e Bernardo Lucas - Ascom SDA - Texto
Instituto Cactus e Flor do Piqui - Fotos
As Cadernetas Agroecológicas estão ampliando as vozes das mulheres do Semiárido cearense. Fechando esse percurso pelos sertões do Ceará, apresentamos duas mulheres do Cariri Oeste que se apropriaram do instrumento e estão cada vez mais protagonistas nas suas vidas e comunidades.
Rosângela Gonçalves da Silva Caetano, 44 anos, vive com sua família na comunidade Nascente do Brejo, no município de Araripe-CE. Ela integra o grupo de mulheres usuárias da Caderneta Agroecológica no Projeto Paulo Freire. Ela encontrou na Caderneta uma maneira de mostrar sua força de trabalho e importância de mulher na família e economia local, diversificando sua produção e as relações solidárias na sua comunidade.
“A Caderneta estimula a diversificação na nossa produção. A gente passa a observar os espaços a ser aproveitados, criar mais coisas que a gente já tinha, plantar outras frutas. Ela desperta na gente o desejo e a vontade de expandir cada vez mais, de ser feliz com o colorido do quintal e da nossa vida”, disse Rosângela. Sua família além de receber a Assessoria Técnica Contínua do Instituto Flor do Piqui, também é contemplada com plano de investimento do Projeto Paulo Freire na atividade de Suinocultura.
A comunidade Nascente do Brejo tem 29 famílias beneficiárias do Projeto Paulo Freire com Assessoria Técnica Contínua e investimentos produtivos. São 14 famílias contempladas com atividades de Avicultura, 8 famílias com Ovinocultura e 7 famílias com Suinocultura. Somente nestas ações, estão sendo investidos mais de R$ 200.000,00. Há poucos quilômetros dali vive outra mulher que encontrou na Caderneta Agroecológica um espelho que reflete muitas faces da mulher camponesa. Dona Ireneide Nunes da Silva, 41 anos, vive com sua família na comunidade Chapada do Carmo, no município de Araripe-CE.
Atuante na sua comunidade, Neidinha – como gosta de ser chamada, é secretária da Associação local. Sua relação com a Caderneta vai além dos números. “Minha experiência foi boa, tive conhecimento do que produzia, consumia e o valor do que eu estava contribuindo com a minha família. Até então, não tinha noção de quanto eu vendia, de quanto eu consumia. A gente já fazia, já trabalhava, mas não tinha noção. Agora, graças ao projeto, a gente sabe o valor da gente, o que a gente produz”, destaca a Neidinha.
Beneficiada com a atividade produtiva em Avicultura, a família de Neidinha faz parte do grupo de 27 famílias da comunidade Chapada do Carmo (Araripe-CE), beneficiadas com Assessoria Técnica Contínua da ONG Cactus e investimentos produtivos do Projeto Paulo Freire. São 15 famílias com Avicultura, 7 com Ovinocultura e 5 famílias na atividade de Suinocultura. São mais de R$ 190.000,00 investidos somente nestas atividades produtivas.
Caderneta Agroecológica
A caderneta agroecológica é um instrumento de registro diário da produção das mulheres, por elas próprias, onde anotam o que produzem, a quantidade, a medida de referência e os valores do produto. No Projeto Paulo Freire, as cadernetas agroecológicas estão presentes em 76 localidades de 20 municípios e, em média, gerou um rendimento mensal de R$ 373 por beneficiária.
Essa ação faz parte do “Projeto de Formação e Disseminação do Uso Consciente das Cadernetas Agroecológicas nos Projetos apoiados pelo Fida no Brasil”. Uma ação promovida em parceria com o Programa Semear Internacional, CTA/ZM e o GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
A implementação e acompanhamento das Cadernetas Agroecológicas Projeto Paulo Freire é desenvolvido em parceria com sete organizações da sociedade civil: Cáritas Diocesana de Crateús, Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria do Trabalhador (Cetra), Centro de Estudos e Assistência às Lutas do Trabalhador Rural (Cealtru), Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar), Instituto Antônio Conselheiro (IAC), Instituto Flor do Piqui e ONG Cactus.