Polícia Civil do Ceará desarticula núcleo de grupo interestadual suspeito de roubos a instituições financeiras
22 de setembro de 2020 - 15:28 #Operação Mocassim #PCCE #polícia civil #roubo a banco #SSPDS
Ascom SSPDS - Texto e Foto
Os esforços empregados pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) no combate à atuação de um grupo interestadual especializado em roubos a instituições financeiras em estados brasileiros já resultaram nas prisões de seis integrantes e nas apreensões de quatro veículos e de mais de 100 mil reais em espécie roubados de uma agência bancária no Ceará. O trabalho de investigação da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) já dura quase um ano e segue em andamento para capturar outras pessoas suspeitas de cooperar com as ações criminosas do grupo. Na última quarta-feira (16), o sexto integrante foi preso por força de um mandado de prisão preventiva. Os detalhes foram apresentados em coletiva de imprensa, na tarde desta terça-feira (22), no Complexo de Delegacias Especializadas (Code), em Fortaleza.
A Operação Mocassim é voltada à desarticulação de um grupo criminoso especializado em ataques a carros-fortes e instituições financeiras no Estado do Ceará e em outros estados da federação. O nome da ofensiva policial é uma referência a uma modalidade de crime conhecida por “sapatinho”, que consiste em sequestrar o gerente de um banco e/ou sua família para ter acesso facilitado a agências ou instituições financeiras com o intuito de levar a quantia armazenada em cofre. Ao longo de quase um ano, seis membros, incluindo o homem apontado como chefe do grupo, foram parar atrás das grades em razão do levantamento minucioso dos policiais civis da DRF, unidade especializada em apurações de roubos e furtos consumados e tentados contra bancos de economia mista e privados, além de empresas de transporte de valores.
Na última quarta-feira (16), os policiais civis capturaram José Alberto Casusa De Morais (54), com antecedentes por homicídio, roubos e furto. Ele foi abordado enquanto dirigia um veículo Toyota Hilux, na Avenida Contorno Sul, no bairro Conjunto Industrial, em Maracanaú. “Véi” ou “Paquito”, como ele é conhecido, teve o mandado de prisão preventiva cumprido pela participação no crime de sequestro e cárcere privado. Conforme levantamentos da DRF, o homem trabalhava no centro de abastecimento que fica próximo à agência bancária que o grupo é investigado de ter roubado em outubro do ano passado.
Em março deste ano, os investigadores localizaram João Saldanha de Pontes (39), em um imóvel no bairro Cidade Nova – Maracanaú. O homem estava com quatro mandados de prisão em aberto por roubo e já acumulava quatro passagens por roubo de veículo, quatro por furto de veículo, uma por receptação, uma por constrangimento legal e uma por associação criminosa. Durante a abordagem, o suspeito apresentou uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) com a foto dele, porém com outro nome. Após ser confrontado, ele confessou que se tratava de um documento falso. Na residência, os policiais civis apreenderam um celular, que foi encontrado amassado dentro da lixeira do banheiro e um veículo Fiat Fiorino. Saldanha foi autuado em flagrante por uso de documento falso. Ele também é suspeito de integrar o grupo no cometimento de crimes contra instituições financeiras.
Outras prisões
No dia 4 de outubro do ano passado, o grupo entrou no radar dos investigadores após sequestrar um gerente de segurança de uma empresa de transporte de valores, no bairro Coaçu, na Área Integrada de Segurança 3 (AIS 3) de Fortaleza. Na ocasião, dois homens armados interceptaram o veículo do funcionário e o arrebataram. Algemado e sob grave ameaça, eles conduziram a vítima a um cativeiro na cidade de Aquiraz, na AIS 13. A intenção dos suspeitos, conforme apontam as investigações, era adentrar a sede da empresa da qual o gerente trabalhava para ter acesso ao cofre. No entanto, por razões adversas à vontade deles, o grupo abortou o plano e liberou a vítima.
Treze dias depois, no dia 17 de outubro, em mais uma ação criminosa, os suspeitos participaram do assalto à agência de um banco privado, localizada na Avenida Doutor Mendel Steinbruch, bairro Pajuçara, em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Desta vez, o grupo conseguiu abordar os vigilantes e o gerente da agência quando eles chegavam ao estabelecimento. Rendidas, as vítimas não esboçaram reação, e os suspeitos subtraíram uma quantia em dinheiro e fugiram em seguida.
Não demorou muito para que os policiais civis identificassem e localizassem os envolvidos na ação criminosa. No dia seguinte ao roubo (18), em buscas ininterruptas, Edinardo Teixeira Oliveira (28), vulgo “Grandão” ou “Ventão”, com antecedentes por tráfico e associação para o tráfico de drogas; e Francisco Weyne Silva Freitas (28), vulgo “Gordo”, que não possuía antecedentes criminais à época, foram presos. As prisões ocorreram nos bairros João XXIII (AIS 6) e Conjunto Ceará (AIS 2). Os dois homens foram capturados em suas respectivas residências. A dupla foi indiciada por roubo majorado pelo emprego de arma de fogo e concurso de pessoas, sequestro, associação criminosa e resistência.
Além do roubo majorado em flagrante, Weyne também foi autuado por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e tráfico de drogas. No local onde Edinardo foi preso, os policiais civis encontraram R$ 20 mil escondidos no forro e em tomadas do imóvel. Nas duas prisões, os agentes apreenderam um revólver calibre 38, 210 gramas de cocaína, R$ 35,3 mil, além de 490 gramas de pó branco e dois veículos, sendo um Touareg e um Gol. De acordo com as apurações, o grupo criminoso estudou a rotina dos funcionários da agência antes de agirem do roubo.
Operação no Pernambuco
A caçada pelos integrantes do grupo criminoso seguiu e extrapolou as divisas do território cearense. Uma semana depois, no dia 26 de outubro de 2019, foi a vez do suspeito responsável por comandar as ações criminosas do grupo ser preso. Marcos Fernando Monteiro Marques (33), o “Chicó”, considerado foragido da Justiça cearense com três mandados de prisão em aberto, foi capturado na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, no agreste pernambucano, em uma operação da DRF naquele estado. As investigações confirmaram que “Chicó” entrou na agência bancária em Maracanaú, rendeu os funcionários e anunciou o assalto. O homem acumulava mais de dez procedimentos policiais por roubo a banco e por porte ilegal de arma de fogo no Ceará.
Na mesma operação no estado pernambucano, os policiais civis do Ceará também capturaram o comparsa dele, identificado como Alberto Jorge Barbosa dos Santos Filho (22), o “Piu-piu”, que já respondia a quatro procedimentos policiais por roubos. Ambos os suspeitos foram localizados em um restaurante em Santa Cruz do Capibaribe (PE). Os homens não reagiram à prisão e levaram os policiais até uma residência em que eles haviam acabado de comprar. No local, foram apreendidos um veículo Fiat Strada, uma motocicleta e a quantia de R$ 70 mil oriunda do roubo cometido em Maracanaú.
Furto a agência em Aratuba
A DRF aprofunda as apurações para desvendar a relação do grupo com os integrantes presos no furto qualificado, na madrugada da sexta-feira (6), quando uma agência bancária foi alvo de quatro homens que atearam fogo no estabelecimento. Alexandre Vieira dos Santos (38), Bruno Matos de Queiroz (22), Francisco Antônio da Silva (41) e Rômulo César Martins da Silva (38) foram capturados em flagrante na cidade de Aratuba (AIS 15) pela Polícia Militar do Ceará (PMCE). Quase R$ 88 mil foram apreendidos com o grupo, além de armas de fogo e um veículo que teria sido utilizados na ação criminosa.
De acordo com as investigações policiais, parte do grupo trabalhava em uma empresa de transporte de valores e havia furtado o dinheiro três dias antes de ser presa. Após o furto, o grupo retornou à agência para atear fogo e simular um ataque no estabelecimento bancário para que as autoridades policiais achassem que o dinheiro furtado tivesse sido levado por assaltantes. Em razão do flagrante, o quarteto foi autuado por furto qualificado, associação criminosa e dano qualificado.
Denúncias
A Polícia Civil mantém os trabalhos sobre a atuação criminosa do grupo no intuito de apurar a participação de outras pessoas envolvidas em roubos contra agências bancárias e empresas de transporte de valores. A DRF disponibiliza um número para denúncias para onde podem ser repassadas informações que ajudem os trabalhos investigativos. As denúncias podem ser feitas para o número (85) 3101-1141. O sigilo e o anonimato são garantidos.