Saúde

Setembro Amarelo: especialistas orientam sobre cuidados com saúde mental de crianças e adolescentes

24 de setembro de 2020 - 12:55 #HSM #saúde mental #Sesa

Milena Fernandes - Texto
Francisco Oliveira - Arte

Crianças e adolescentes diagnosticados com transtornos psiquiátricos devem receber acompanhamento especializado e contínuo. Especialistas do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), do Governo do Estado, destacam a importância dos cuidados com o emocional da população mais jovem.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a terceira causa de morte entre adolescentes. No HSM, o Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência (Naia) oferece atendimento gratuito exclusivamente para o tratamento de transtornos psiquiátricos que acometem crianças e adolescentes.

“É importante acolher e ouvir o adolescente e os familiares atentamente, mostrar empatia e respeito, além de não fazer julgamentos. Falar com o paciente sobre questões relacionadas ao suicídio, depressão e demais ações de saúde mental pode ajudá-lo a se sentir mais seguro e confortável para conversar sobre assuntos que lhe causam incômodo”, explica a psicóloga do Núcleo, Marleide Oliveira,

Problema recorrente entre os jovens, a automutilação é um sinal de alerta dado por quem, muitas vezes, pensa em tirar a própria vida. Ana Alice Souza (nome fictício), 53, conta que o filho dela, de 17 anos, tentou cortar os pulsos há um mês e foi atendido pelo HSM. “Foi um desespero, uma tristeza muito grande, mas felizmente ele sobreviveu. Ele sofre de depressão, ansiedade e síndrome do pânico. Depois dessa tentativa de suicídio, ele foi imediatamente atendido pelos psiquiatras e psicólogos do Hospital de Saúde Mental e agora meu filho está tomando medicação apropriada e tendo acompanhamento psicológico que o deixa bem mais estabilizado”, detalha a dona de casa.

Marleide Oliveira ressalta que o suicídio é um problema complexo para o qual não existe uma única causa ou razão. “Ele resulta de uma interação de vários fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais e ambientais e inclui alguns aspectos que variam em graus crescentes de intensidade e gravidade”, explica.

A adolescência é um período de alterações corporais e hormonais, mas também é um momento de separação e rupturas. Trata-se de uma transição muito difícil e, em alguns casos, pode ocorrer confusão mental e até mesmo ideação suicida. Um dos principais fatores de risco é a existência de patologias psiquiátricas, uso de álcool e outras drogas, mudança de humor, violência, isolamento social, bullying, abandono e gravidez.

Ainda de acordo com os especialistas do HSM, o suicídio entre adolescentes geralmente acontece após uma situação estressora, como problemas na escola, ruptura amorosa, morte de um ente querido, divórcio ou um grande conflito familiar. “É importante identificar esses comportamentos e estar atento a sinais como afastamento dos familiares e amigos, dificuldade com o sono, queda no rendimento escolar, comentários autodepreciativos. É necessário, também, entender as circunstâncias que influenciam ações autodestrutivas e estruturar intervenções eficazes”, conta a Coordenadora do Serviço de Psicologia do HSM, Juliana Bezerra.

Segundo a psicóloga Lidinalva Chaves, também do Naia, o fator de proteção e de apoio dos familiares e dos amigos é essencial para prevenir inclinações suicidas, podendo incentivar o adolescente a acreditar em si mesmo, a estar aberto a ouvir e a compartilhar experiências. “Assim como o diagnóstico, o tratamento e o encaminhamento dos pacientes aos profissionais são uma importante forma de prevenção. Com a psicoterapia, é possível desenvolver um trabalho importante junto ao paciente e à família, proporcionando ações que os auxiliem a superar essa questão”, ressalta.

Atendimento no Naia – HSM

O Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência (Naia) atende cerca de 400 pacientes, que são encaminhados pela Central de Regulação. O serviço conta, ainda, com um ambulatório voltado para crianças entre três e seis anos. Um equipe formada por psicólogos, psiquiatras, pediatra e assistente social é responsável por atender a população. O atendimento é de segunda a sexta, das 8h às 17h.