Projeto Acompanhar Faz Bem utiliza materiais recicláveis para transformar realidade hospitalar
20 de novembro de 2019 - 17:17 #acompanhantes #Arterapia #Cuidados
Alexandra Souza - Ascom HGWA
Toda semana, às quarta-feiras pela manhã, Francilene da Silva, mãe e acompanhante permanente de Francisco Alexandre da Silva Filho, de 6 anos, participa da sessão de arteterapia do Projeto Acompanhar Faz Bem, do Hospital Geral Waldemar Alcântara, do Governo do Ceará. Francilene está internada junto com o filho há mais de um ano. O marido dela e os outros dois filhos ainda pequenos ficaram no interior.
A sessão de arteterapia é um momento para amenizar os sentimentos mais difíceis de lidar. “A gente alivia um pouco a angústia de permanecer longe de casa e dos outros filhos por tanto tempo, a saudade de casa e do esposo. É também um momento para compartilhar as dores com outras acompanhantes que vivenciam situação semelhante e também de comemorar as pequenas melhoras que os pacientes alcançam”, afirmou.
Segundo a gerente de risco do HGWA, Djane Filizola, o projeto surgiu há 3 anos em função do alto nível de estresse percebido entre os acompanhantes de longa permanência hospitalar. “O acompanhante sai do contexto familiar, muitas vezes deixa emprego e a rotina da casa para acompanhar um paciente. É uma mudança de estrutura e vida familiar muito grande. Tudo isso gera ansiedade, irritabilidade, negação e revolta. A oficina de arteterapia surge dentro dessa realidade com o intuito de promover intervenções que reduzam a ansiedade e propiciem momentos de ludicidade e abstração”, explicou.
O Projeto Acompanhar Faz Bem utiliza materiais, preferencialmente, recicláveis e provenientes de doação para produzir objetos simples, mas que podem gerar uma atividade lucrativa para quem participa das oficinas. Francilene, por exemplo, já pensa em comercializar lembrancinhas para aniversário que ela aprendeu a fazer aqui. “São fáceis de fazer, tem baixo custo, posso afzer quando voltar pra casa e vender.”, avaliou.
As oficinas têm como facilitadoras as auxiliares administrativas do HGWA, Marianna Moreira Rodrigues e Gleiciana Ribeiro Lima; e a educadora social do Instituto Borboleta, Jane Cleide. “Para os acompanhantes, esse projeto faz muita diferença. Eles ficam muito ociosos e o projeto acalma, melhora a autoestima e autoconfiança. Muitos deles, continuam fazendo lá fora aquilo que aprenderam aqui dentro”, disse Jane Cleide.
Mariana Rodrigues destaca que os acompanhantes se distraem dos problemas durante a arteterapia. “Eles saem da doença, da espera e da angústia para um momento lúdico e relaxante. Já fizemos canetas decoradas, vidros pintados, porta-guardanapos e até um jogo da velha, usando cd’s que iriam para o lixo e pedaços de E.V.A.”, destacou.
Francisca Érica, mãe do Enzo, também experimenta os benefícios da arteterapia na prática. Mãe e filho já estão na unidade de saúde há cinco meses. Para Érica, participar desse momento melhora a mente. “Ficar o tempo todo no quarto nos deixa tristes. Aqui, a gente se distrai, ocupa a cabeça com outras coisas. Vir para cá me faz bem”, concluiu.