Patologia Forense é forte aliada na investigação de casos complexos
17 de junho de 2020 - 10:32 #Calf #Comel #Nupaf #Patologia Forense #Pefoce #SSPDS
Sara Sousa - Ascom Pefoce - Texto e Fotos
A Patologia é a área da ciência que estuda doenças, as alterações que elas provocam no organismo e mortes provocadas por anormalidades patológicas. Já a Patologia Forense é a aplicação do conhecimento científico da Patologia para fins de investigações criminais. A atividade desenvolvida pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) é essencial para elucidação de casos complexos que demandem uma investigação microscópica e macroscópica para descobrir qualquer tipo de alteração anatômica ou fisiológica de tecidos e órgãos. As análises resultam em laudos mais precisos para casos que poderiam ficar indeterminados, dando celeridade à busca pela justiça.
As vítimas que morrem por causas violentas, suspeitas e por causas indeterminadas, que são objeto de investigação criminal, dão entrada na Coordenadoria de Medicina Legal (Comel), onde passam por exame cadavérico. Se, nesta perícia, o médico perito legista não conseguir detectar a causa da morte através do exame feito a “olho nu” ou se há suspeita de algum outro fator patológico que tenha contribuído para a morte da vítima, o médico perito legista do caso vai solicitar uma perícia microscópica, que é desempenhada pela equipe do Núcleo de Patologia Forense (Nupaf).
O Nupaf é o núcleo da Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forenses (Calf) especializado em periciar amostras de tecidos e órgão para detectar patologias, lesões e anomalias. Com a análise macro e microscópica, é possível elucidar diversos tipos de crimes que apenas com a análise detalhada é possível obter mais informações que vão auxiliar na investigação da causa da morte. O médico perito legista, Anderson Costa, supervisor do Nupaf, explica que sem a Patologia Forense, alguns casos suspeitos e complexos ficam sem a análise detalhada e, consequentemente, não é possível determinar a causa.
Para que a análise microscópica aconteça, um longo processo é realizado desde a coleta até a preparação do material a ser analisado. O exame patológico forense consiste em analisar os tecidos e constatar se há algum tipo de alteração que possa ter sido a causa ou potencializador de um óbito. Entre as análises, é possível detectar doenças cardiovasculares, traumas em órgãos, neoplasias, doenças trombogênicas, coagulopatias, alterações anatomopatológicas que tenham contribuído para a morte, entre outras análises que não são perceptíveis na necroscopia.
Caso elucidado
Entre os muitos casos que chegam ao Nupaf, o supervisor conta uma situação emblemática que o marcou elucidada por meio da patologia. “Nós tivemos um caso de uma gestante de 36 semanas de gravidez que sofreu um aborto por suspeita de agressão. Neste caso, havia suspeita na investigação policial, mas aparente negação da mãe, sem lesões externas na vítima. Contudo, após análise patológica feita na placenta, com método de imunofluorescência e utilização de corantes específicos, após processamento tecidual, foi possível detectar que no tecido da placenta havia sinais de trauma, confirmando que houve o descolamento da placenta precoce após uma agressão na barriga da mãe”, conta o médico formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
O Núcleo de Patologia Forense da Pefoce é um dos mais novos do órgão, inaugurado em 2016, na sede da Pefoce. O laboratório é responsável por análises patológicas de todos os oito núcleos de Perícia Forense do Estado. Apesar de ‘jovem’, o Nupaf é referência no País. A equipe do laboratório participa de congressos em todo o Brasil apresentando casos que foram elucidados pela Patologia Forense do Ceará. Os trabalhos científicos apresentados pelo grupo contribuem para o desenvolvimento da Patologia Forense, especialidade que existe em poucos órgãos de Polícia Científica no País.