Desenvolvimento das competências socioemocionais está relacionado ao acompanhamento individual dos alunos
29 de junho de 2020 - 10:57 #competências socioemocionais #Conexão Seduc #Instituto Ayrton Senna #Pandemia #SEDUC #webinar
Bruno Mota - Ascom Seduc - Texto
Juan Guerra/Instituto Ayrton Senna, Carlos Gorila e arquivos pessoais - Fotos
Entre as diversas estratégias que fazem parte do trabalho de desenvolvimento das competências socioemocionais na escola, está o acompanhamento individual de cada aluno. O tema foi trabalhado em webinar realizada pela Secretaria da Educação (Seduc), na sexta-feira (26), como parte da programação da Conexão Seduc. Na ocasião, a vice-presidente de Educação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, Tatiana Filgueiras, o professor diretor de turma Deusimar Lima e a estudante Hayra dos Santos debateram sobre as iniciativas pedagógicas da Seduc voltadas a esta área. O encontro foi mediado pelo secretário executivo do Ensino Médio e Profissional, Rogers Mendes.
Tatiana Filgueiras observa que um dos fatores a serem levados em conta para que o processo tenha êxito é o aperfeiçoamento da comunicação. “Precisamos saber comunicar bem, para que as pessoas entendam por que estas dimensões são importantes tanto quanto aquelas tradicionalmente associadas à escola”, argumenta.
Tatiana sugere que cada aluno receba, por parte do educador, a devida atenção em relação aos aspectos socioemocionais, da mesma forma que ocorre com as competências cognitivas. “É necessário monitorar as ações e fazer as correções de rumo. Utilizar um sistema para coletar informações para uso formativo, ajudando o professor a saber o que cada aluno precisa. É uma ação que costura todas as outras ações e políticas”, considera.
Além disso, na visão de Tatiana, é preciso haver estruturação do trabalho e intencionalidade. “As atividades precisam ser sequenciais, de forma que os alunos participem de forma ativa e focados. Vários dos resultados que ele precisa alcançar ao longo da vida estão atrelados ao desenvolvimento destas competências”, defende.
Por outro lado, ela pontua, professores com competências socioemocionais mais desenvolvidas interagem e colaboram mais com seus colegas. Da mesma forma, são mais proativos e produtivos, tendo melhor desempenho no trabalho e capacidade de gerenciamento de sala de aula, além de acreditarem mais no potencial dos alunos. “Por consequência, também conseguem desenvolver melhor estes aspectos junto com os estudantes, facilitando o aprendizado deles. A gente sabe que, no Brasil, o estado que tem mais colaboração entre os professores é o Ceará”, avalia Tatiana.
“Temos que ter muita criatividade para superar os desafios atuais. A desigualdade que existe no Brasil vai aumentar e precisamos nos unir para cuidar das pessoas. O vínculo entre o aluno e o professor funciona como um redutor de desigualdades. É preciso criar espaços de tempo e de atenção para com o aluno, não deixando nem um de fora”, conclui a representante do Instituto Ayrton Senna.
Resiliência
O professor Deusimar Lima, que atua como diretor de turma na Escola de Ensino Médio (EEM) Manuel Matoso Filho, em Russas, relata apoiar os alunos em questões relacionadas à vida.
“Ressalto a importância da escuta, algo que fazemos muito na escola. Às vezes, o aluno procura o professor porque está passando por um momento difícil e precisa conversar. Procuramos desenvolver esta confiança. Se o jovem não está se sentindo bem, terá uma aprendizagem prejudicada. A resiliência emocional se faz muito necessária no momento atual”, explica.
Deusimar revela que o trabalho com as competências socioemocionais funciona de maneira subjetiva, não existindo um padrão para os efeitos gerados. “Quando trocamos experiências, percebemos que os resultados são diferentes. É a mesma aula, a mesma metodologia, mas os frutos são diversificados. O papel do diretor de turma é apoiar, acompanhar, estar junto do aluno, construindo com ele o projeto de vida e refletindo sobre o futuro. É trocando experiência que vamos cada vez mais melhorar nossos resultados”, esclarece.
Durante o período de distanciamento social, conforme Deusimar, as ações na escola voltadas a este tema tiveram continuidade. “Existe um movimento constante de aulas ao vivo, lives, momentos de motivação, diversificação de atividades, apresentações culturais, compartilhamento de textos reflexivos e material de apoio. Exercitamos estas competências mesmo em distanciamento social. Temos feito trabalho de acompanhamento e apoio para auxiliar os jovens a resistirem e a superarem situações adversas, como a que estamos passando”, finaliza.
Relações
A estudante Hayra dos Santos, que faz a 3ª série do Ensino Médio técnico em Contabilidade na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Governador Luiz de Gonzaga Fonseca Mota, em Maracanaú, acredita que o trabalho envolvendo a dimensão socioemocional é importante para que cada um consiga lidar melhor consigo mesmo e com as outras pessoas. “Nós não somos robôs”, ilustra.
“Quando chegamos do Ensino Fundamental, temos um choque por causa das disciplinas novas. No meu caso, houve também a mudança para o tempo integral. Não estávamos acostumados com isso e precisamos nos adaptar. O professor diretor de turma faz esse trabalho acompanhando os alunos, conversando com a gente sobre conflitos, sobre a nossa formação, além do acompanhamento individual. É alguém com quem podemos contar e confiar”, diz Hayra.
A jovem também destaca outras ações relacionadas à área socioemocional. “O Projeto de Vida nos ajuda a organizar os nossos sonhos. Não temos a maturidade de planejar tudo e essa disciplina auxilia nisso. Já o mundo do trabalho, trata sobre a nossa perspectiva profissional. É necessário sabermos como é uma entrevista de emprego, como lidar em grupos, como se sair em determinadas situações”, analisa a estudante. “Estamos tendo apoio dos nossos professores e da nossa gestão”, complementa.
Sistematização
Rogers Mendes lembra que a Seduc já há bastante tempo vem formando professores para que saibam trabalhar com o desenvolvimento das competências socioemocionais entre os alunos. “É um tema muito caro para a educação cearense e brasileira. É importante que estas competências estejam dentro das salas de aula, no currículo escolar. Vivemos num mundo cada vez mais complexo, que provavelmente se tornará ainda mais, com o passar do tempo e o surgimento de novas tecnologias, além das crises como a que estamos lidando agora”, ressalta.