Iniciada segunda fase da Pesquisa de Soroprevalência em Fortaleza
13 de julho de 2020 - 13:05 #coronavírus #Covid-19 #Pesquisa de Soroprevalência #Sesa #soroprevalência #testes #testes rápidos
Daniel Herculano - Texto
Carlos Gibaja - Fotos
Mais 3.300 exames estabelecerão o percentual de pessoas que foram ou estão contaminadas pelo vírus na Capital
São 8 horas da manhã desta segunda-feira (13), e a enfermeira Nelise Diógenes, junto com outras duas agentes de saúde, percorre as ruas do bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza, de porta em porta, fazer testes para a detecção de covid-19. Essa é a segunda fase da Pesquisa de Soroprevalência na Capital, promovida pelo Governo do Ceará, em parceria com a Prefeitura de Fortaleza, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e execução do Instituto Opnus.
Depois de 3.300 testes na fase um, serão realizados mais 3.300 exames, entre testes rápidos e RT-PCR, que estabelecerão o percentual de pessoas que foram ou estão contaminadas pelo vírus.
“A pesquisa epidemiológica detalha o real quadro de infecção pelo coronavírus em Fortaleza, assim como temos feito em Sobral e Iguatu. Esses 9.900 testes que serão realizados nas três fases da capital estabelecerão o percentual de pessoas que foram ou estão contaminadas pelo vírus, o que ajuda nas estratégias e tomadas de decisão. Importante lembrar que Ceará está entre os estados que mais testam no Brasil, com cerca de 350 mil exames realizados até o momento”, citou o governador Camilo Santana.
A dona Maria Augustinha, 66, fez questão de receber a equipe de pesquisa em sua casa, curiosa para saber se tinha ou não o coronavírus. “Aqui moramos eu, meu marido e meu filho, e ele teve, fiquei morrendo de medo de pegar essa doença. Sei que o exame mal não faz, por isso é melhor saber se tenho ou não a doença”, disse.
Na entrevista protocolar que segue antes e durante o exame, a dona de casa falou dos seus hábitos caseiros, que não sai de casa sem máscara, que não teve nenhum tipo de contato social nem sintomas, apesar do filho ser detectado com o coronavírus há cerca de um mês. “Tenho medo de sair por aí, pegar ônibus lotado. Só saio de casa pro supermercado, e vou e volto muito rápido”, comentou. Com exame negativo em mãos, ela se diz aliviada, mas que manterá os cuidados e isolamento por muito tempo ainda.
Os pesquisadores foram capacitados, nos dias 6 e 7 de julho, na Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), vinculada à Secretaria da Saúde do Ceará (SESA), do Governo do Ceará. Eles receberam treinamento para a aplicação dos testes, especialmente o RT-PCR (swab) que nessa fase começa a ser realizado na Capital, além dos procedimentos de biossegurança. Serão realizados 3.300 testes em 113 bairros, das seis regionais de Fortaleza. Foram sorteados 330 setores censitários da cidade, sendo cada um deles correspondente a um conjunto de quarteirões. Ao todo, o estudo realizará 9,9 mil testagens em cerca de 10 mil moradores da Capital.
Já Francisco Nascimento, conhecido como Franzé no bairro, 59 anos, já passou por todas as fases da doença, mas hoje está curado e mesmo assim decidiu fazer o exame. “Não só eu, mas minha esposa e meu filho, todos tivemos coronavírus, fomos tratados no posto aqui do bairro, do lado da minha casa”, relembrou.
Artista plástico e que sedia uma rádio comunitária em sua casa, ele teve tempo nessa quarentena para fazer um espaço mais isolado em sua casa, para que sua família pudesse se curar longe de todos. “Ainda sinto falta de cheiro e o paladar foi diminuído. Não tem problema, o importante é que agora estou bem”, informou.
“É uma pesquisa que, inicialmente buscava a informação se as pessoas já produziram anticorpos contra o covid-19, e se ampliou para saber quantas pessoas adoeceram, estimar a porcentagem de pessoas infectadas pelo vírus, e tentar saber dessas pessoas se houveram casos assintomáticos” ressalta Ricristhi Gonçalves, coordenadora da Vigilância Epidemiológica e Prevenção da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
Testagens
O morador a ser testado será sorteado entre os presentes. No caso de pessoas com menos de 18 anos e de incapazes, os testes acontecerão mediante autorização dos pais ou do responsável. A realização da pesquisa é importante para ampliar o controle epidemiológico nos municípios e orientar as políticas públicas de prevenção e combate à Covid-19.
O teste rápido detecta a presença de anticorpos para o novo coronavírus. O resultado fica pronto em 15 minutos, após uma simples picada na ponta do dedo para a coleta de uma gota de sangue. Enquanto isso, os pesquisadores aplicam um questionário com informações sobre sexo, idade, escolaridade, condições de saúde e possíveis sintomas que o morador tenha sentido recentemente.
Já o RT-PCR é o teste de biologia molecular, que detecta a presença do vírus no paciente. Trata-se da coleta de amostras de secreção do fundo do nariz por meio da introdução de um swab (cotonete). As amostras para o RT-PCR não têm resultado imediato. Elas são encaminhadas ao LACEN para análise e os resultados ficam prontos após alguns dias.
Como reconhecer o pesquisador
Os pesquisadores portam crachá de identificação, termos de consentimento para participação e panfleto informativo da pesquisa, bem como estão paramentados com todos os equipamentos de segurança: touca, avental, óculos, máscara e luvas. Todos são treinados para aplicação dos testes e sobre os procedimentos de biossegurança.
A enfermeira Nelise Diógenes lamenta que em muitos casos ainda há uma resistência das pessoas, recusando a entrada dos profissionais de saúde nas casas. “Acredito que é uma pesquisa de extrema importância para a ciência, as pessoas têm de ver a nossa visita como uma oportunidade de se manterem informadas e continuarem cuidando da saúde. Nós sempre estaremos portando crachá com fácil identificação, CPF e todo o material informativo da campanha contra o coronavírus”, listou.
Primeira fase
A primeira fase da testagem, realizada entre 2 e 15 de junho, contemplou as primeiras 3.300 pessoas e estima que 370 mil (14,2%) fortalezenses já têm anticorpos contra a Covid-19. As Regionais I, III e VI de Fortaleza apresentaram a maior incidência de casos.
Além de Fortaleza, o Governo do Ceará, em parceria com as secretarias de saúde dos municípios realizam a Pesquisa de Soroprevalência em Sobral, na Região Norte, e em Iguatu, na região Sul do Ceará.
Ouça
O governador Camilo Santana ressaltou a importância estratégica da testagem no estado.
A coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde, Ricristhi Gonçalves, apontou as conclusões da pesquisa, após mesmo levantamento acontecer também nos municípios de Sobral e Iguatu.
Ricristhi Gonçalves destaca que o aprimoramento da pesquisa hoje proporciona um levantamento mais completo das testagens por todo o Ceará. Esses dados são imprescindíveis para a formulação de políticas de enfrentamento ao coronavírus.
A enfermeira pesquisadora Nelise Diógenes atenta para a identificação correta dos profissionais que realizam a pesquisa.