Visitas guiadas marcam última semana das exposições Miragem e Sueño de La Razón, no Centro Dragão do Mar
29 de janeiro de 2019 - 16:27 #centro dragão do mar #exposições #Miragem #Sueño de La Razón #Visitas guiadas
Assessoria de Comunicação do Instituto Dragão do Mar - (85) 3488.8625/ (85) 8970.8081
Esta é a última semana para conferir as exposições “Miragem”, na Multigaleria, e “Sueño de La Razón”, no Museu da Cultura Cearense (MCC), no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Para marcar o encerramento, serão realizadas visitas guiadas nesta quinta (31) e sexta-feira (1º), respectivamente. Com acesso gratuito, as mostras ficam abertas à visitação do público até este domingo, dia 3 de fevereiro. Ambas foram abertas durante a primeira edição do Fotofestival Solar (https://www.solarfotofestival.com/pt), festival internacional de fotografia realizado de 5 a 9 de dezembro de 2018, no Dragão do Mar.
Nesta quinta-feira, dia 31 de janeiro, às 19h, será realizada visita guiada à exposição “Miragem”, que reúne, na Multigaleria, os trabalhos de 29 autores cearenses selecionados a partir de convocatória pública. Na sexta-feira, dia 1º de fevereiro, às 18h, é a vez da exposição “Sueño de la razón: fotografia e política”, no MCC. A mostra celebra o projeto editorial homônimo que completa dez anos de articulação em torno da fotografia feita na América do Sul. A visita será conduzida por Tiago Santana, fotógrafo e um dos editores do projeto, e Rodrigo Costa Lima, responsável pelo projeto expográfico.
A exposição “Terra em Transe”, com curadoria de Diógenes Moura, segue em cartaz até o dia 31 de março de 2019 no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE). Já a mostra “Sobre a cor da sua pele”, com curadoria de Rosely Nakagawa, permanece em exibição no Museu da Cultura Cearense, com data de encerramento a definir. Essas exposições também fazem parte do Solar.
Com regularidade bienal, o Fotofestival Solar é realizado pelo Instituto da Fotografia, em parceria com a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará e o Instituto Dragão do Mar, e faz parte do plano estratégico de fortalecimento da cultura e das artes por meio da fotografia.
Sobre as exposições
// Miragem
Até dia 3 de fevereiro (domingo), na Multigaleria
Visita guiada dia 31 de janeiro (quinta-feira), às 19h
A MIRAGEM é um fenômeno ótico que ocorre em dias ensolarados e quentes, induzindo o observador a perceber uma imagem a partir do intenso contato da luz com outra superfície. Não se trata de uma “alucinação” de quem vê, e sim de uma refração: o desvio dos raios do sol em contato com o mundo produz uma imagem. O fenômeno também é conhecido como “espelhismo” e pode até ser fotografado.
Na contemporaneidade, o fotógrafo é um colecionador de miragens: um criador de “reflexos” cheios de intenções que, simultaneamente, investiga o real que tenta espelhar. Perceber a miragem seria uma estratégia de antecipar outro mundo possível em contato com o atual? A miragem transita entre o presente, o futuro e a esperança? Ou é apenas uma ilusão?
Com mais de 90 inscrições, foram selecionados 29 projetos em que os fotógrafos cearenses, ou residentes no Estado há mais de dois anos, refletem sobre questões políticas e poéticas atuais, ao criar imagens a partir da observação dos turbulentos tempos que atravessamos. Nesta convocatória, o Fotofestival SOLAR buscou reunir o que é possível enxergar sob a ação intempestiva das transformações sociais que ora parecem se abrir às liberdades, ora caminham rumo ao fascismo.
Autores participantes da exposição MIRAGEM
Allan Bastos • Ana Carolina Mundim • Chico Gomes • Dayane Araújo • Emrah Kartal • Fernanda Siebra • Fernando Maia da Cunha • Fernando Silva • Francisco Flor • Coletivo Zóio • Henrique Torres • Igor Cavalcante Moura • Jean Sousa dos Anjos • Júnior Pimenta • Lua Alencar • Lucas Dilacerda • Maira Ortins • Mariana Smith • Marilia Oliveira • Matheus Dias • Nivando Bezerra • NÍvia Uchoa • Osmar Gonçalves • Paula Georgia Fernandes • Régis Amora • Rubens Venâncio • Sérgio Carvalho • Valdir Machado • Yuri Juatama
Comissão de seleção
Ana Soter • Ângela Berlinde • Iana Soares • Isabel Terron • Tiago Santana
Visitação de terça a domingo, das 14h às 21h, com acesso até as 20h30. Acesso gratuito. Classificação etária: Livre.
// Sueño de La Razón
Até dia 3 de fevereiro (domingo), no Museu da Cultura Cearense
Visita guiada nesta sexta-feira (1º), ás 18h
Sueño de la Razón é uma revista colaborativa de fotografia, cujos objetivos são a difusão, a pesquisa e a valorização da fotografia sul-americana. Trabalhamos com uma linha editorial que busca abarcar diferentes concepções fotográficas da região, desde as pesquisas históricas até o desenvolvimento das linguagens contemporâneas. Nosso projeto, criado em 2009, é uma estrutura uma estrutura de gestão de redes, é autogerido e não tem fins lucrativos. Editores e colaboradores participam com a única intenção de dar visibilidade à produção sul-americana.
Sueño de la razón está centrado na possibilidade de construir diversas e múltiplas histórias sobre nossos contextos sociais, culturais, geográficos, econômicos, territoriais, através do reconhecimento, da análise e da pesquisa da produção visual, artística e teórica que se produz no sul do continente. É uma forma de contextualizar a produção e a questão da imagem.
Os colaboradores são fundamentais para nossa política editorial, pois nos interessa construir um arquivo que possa falar em primeira pessoa, como referente direto. Neste mesmo sentido, os editores que participam deste projeto são integrantes ativos de suas respectivas comunidades fotográficas, onde atuam como fotógrafos, artistas e gestores.
A exposição, realizada no marco do Fotofestival SOLAR, em Fortaleza, pretende mostrar o trabalho realizado nos últimos dez anos e exibir, no formato de publicação aberta, uma proposta sobre o político das imagens e do fotográfico, compreendendo o potencial de reflexão que a produção visual possui, tanto a nível de construção cultural e simbólica, como das formas de nos relacionarmos e nos comunicarmos. No contexto político que vive atualmente nosso continente, criar esses espaços de reunião e de difusão é ainda mais relevante para voltarmos a pensar sobre nós e a nos olhar.
Visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 19h, com acesso até as 18h30; e aos sábados e domingos, das 14h às 21h, com acesso até as 20h30. Acesso gratuito. Classificação etária: Livre.
// Terra em Transe
Até dia 31 de março de 2019, no Museu de Arte Contemporânea do Ceará
Um filme. Um livro. Uma exposição. A carne treme. A terra treme. Há Terra em Transe. Violência e paixão: onde está o meu rosto? Quem matou o meu filho? Amor? Amor só de mãe. A imagem alucina. A fotografia está com os dias contados. A carne treme. Há Terra em Transe. A bomba relógio vai explodir.
Curadoria Diógenes Moura
Escritor, curador de fotografia, roteirista e editor. Premiado no Brasil e exterior, acaba de publicar O Livro dos Monólogos (Recuperação para ouvir objetos) pela Editora Vento Leste. Escreve sobre abandono, imagem e existência. Vive em São Paulo, à beira do abismo.
Visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 19h, com acesso até as 18h30; e aos sábados e domingos, das 14h às 21h, com acesso até as 20h30. Acesso gratuito. Classificação etária: Livre.
// Sobre a Cor da Sua Pele
Em cartaz no Museu da Cultura Cearense
Encerramento em data ainda a definir
Até o século XIX, o retrato pintado a óleo sobre tela era um privilégio das camadas mais abastadas das sociedades. Ocupando o espaço central do quadro, posado na frente de um fundo contextualizado e cercado por mobília, adornos e adereços, o retratado impunha ao espectador a visão que este deveria ter, de reverência e adoração, na esteira da arte religiosa. Personalidades foram perpetuadas em palácios, igrejas, museus, escolas, bibliotecas. E assim, através do retrato, herdamos uma escala de valores que usamos para lembrarmos e sermos lembrados.
O advento da fotografia no século XX provocou uma transformação. Popularizou o retrato e permitiu que outras camadas sociais, sobretudo as surgidas na Revolução Industrial, tivessem acesso a essa perpetuação da própria imagem. Pudemos enfim colocar as personalidades nas paredes das salas de casa e reverenciá-las. Só que elas eram mais próximas, não menos personalidades: eram os nossos ancestrais.
No Brasil, a partir da década de 1930, em algumas capitais se estabeleceram estúdios populares que além de retratos produziam fotos para documentos de identidade, carteira de trabalho e recebiam encomendas vindas do interior. Eram os chamados “foto-estúdios”, localizados em regiões centrais de comércio e que também realizavam uma modalidade muito particular de retrato em cópias colorizadas.
No início da década de 1950, com a introdução da película e do papel em cores na fotografia, o uso dessa técnica diminuiu, mas a força do retrato se manteve. A partir da Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943, todo cidadão pôde ter um documento com um retrato e uma representação na sociedade. O retrato 3×4 da carteira de trabalho introduziu os homens e mulheres do povo a uma certa cidadania. Eles posavam nos foto-estúdios com suas roupas de domingo, num ritual feito de alguma preparação e cerimônia, como num rito de passagem.
As ocasiões pediam: eram casamentos, batizados, aniversários, a chegada ou partida de alguém – eternizados em cópias e encadernações caprichadas entregues pelos foto-estúdios. Elas durariam gerações.
Mais tarde, a partir dos anos 1960, as câmeras portáteis e automáticas representam o primeiro passo para a banalização desse ritual. O retrato, agora feito pela própria família, quase sempre pelo pai, desvincula-se do olhar sagrado e formal, passando a registrar o cotidiano, banal e doméstico. Com advento da câmera digital anos 1990, a identificação em documentos e nas portarias banaliza ainda mais o retrato e, a partir dos telefones celulares, fortalece em escala maciça a auto-imagem, o autorretrato. É a era das selfies, que voltam a banalizar o retrato, mas não só ele desta vez. As selfies vulgarizam as ações cotidianas e a privacidade. Cada momento é dissecado e estendido até a fissura do real, desconstruindo a auto-imagem à beira da obscenidade, ou seja, mostrando o que está além da cena e do que deve ser visto publicamente.
Com as selfies registramos nossos passos e nossas ações desprovidos de cerimônia, com toques de exibicionismo e solidão. E tudo é eternizado nas redes de relacionamento virtual: o indivíduo aos olhos da multidão.
A mostra é composta dos núcleos
“O Outro”
“Sobre Cor da Sua Pele”
“Quem Somos Nós”
Curadoria
Rosely Nakagawa é curadora e arquiteta. Nasceu em 1954 em São Paulo, Brasil onde vive e trabalha. É graduada em Arquitetura pela FAU-USP em 1977. Fez especialização em Museologia pela USP, em 1978/80, e em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, em 2005. Desenvolveu atividades de curadoria em diversos espaços e galerias, entre eles o Armazém Cultural 11, a FNAC Brasil, a Casa da Fotografia FUJI, o Festival de mídia eletrônica VideoBrasil, o SENAC Escola de Comunicações e Artes, Núcleo Amigos da Fotografia NAFOTO, no qual realizou o I , II e III Mês Internacional de Fotografia e Seminário Internacional da Fotografia. Foi curadora também do Espaço Cultural CITIBANK.
Visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 19h, com acesso até as 18h30; e aos sábados e domingos, das 14h às 21h, com acesso até as 20h30. Acesso gratuito. Classificação etária: livre.